Teorias e projetos revolucionários estão presentes em qualquer campus universitário. Mas quando essas idéias são encabeçadas pelo próprio reitor da universidade mais famosa do mundo, chamam atenção até de fora do universo acadêmico. Assim tem sido a passagem de Lawrence Summers à frente da reitoria da Universidade Harvard. Desde que o ex-secretário do Tesouro do governo Bill Clinton assumiu o comando da instituição de ensino mais antiga e tradicional dos Estados Unidos, em março de 2001, nenhuma de suas decisões é recebida pela comunidade acadêmica sem algum tipo de polêmica.

Summers quer marcar sua gestão em Harvard com uma revolução na área da graduação. Logo ao assumir, ele anunciou que vai estimular os estudantes a fazer intercâmbio com outras instituições de ensino no exterior. Para um público que se considerava no centro do conhecimento mundial, o anúncio caiu como uma bomba. Outra de suas medidas é aumentar as disciplinas de ciências na graduação, independentemente da área de conhecimento escolhida pelo aluno. Paralelamente, o novo reitor tem incentivado uma política de valorização dos estudantes que muitos consideram inadequada. No ano passado, metade dos alunos ficou com conceito A e 90% se formaram com louvor. O episódio foi batizado de ?inflação de notas? pelos críticos de Summers.

Mas é quando se trata de dinheiro que as decisões de Summers, PhD em Economia por Harvard, atingem o auge da polêmica. Embora as faculdades sejam as principais beneficiadas por doações e tenham seu próprio caixa, o novo reitor quer acabar com a cultura de déficit que vigora em algumas escolas. Summers quer usar o dinheiro da universidade mais rica dos EUA, com fundos de mais de US$ 18 bilhões, para outros projetos. Um deles é construir um novo campus, num terreno já comprado pela universidade. O inconveniente é que o novo local não fica em Cambridge, endereço atual de Harvard, mas na vizinha Boston. Enquanto as obras não começam, professores contrários à mudança já apelidaram o novo campus de Sibéria. Summers não dá bola para os críticos. ?Vamos usar nossos recursos da maneira mais agressiva possível?, afirma o reitor, que não esconde estar gostando do novo trabalho. ?Estou me divertindo muito.?

Os professores, em especial, vivem uma relação conturbada com o ex-secretário de Clinton. O ódio foi despertado quando o reitor avisou que vai exigir que os mestres passem mais tempo com os alunos, medida que desagrada os professores mais renomados, que há tempo já não convivem diariamente com o giz e o quadro negro. Summers também comprou uma briga com a Escola de Direito ao participar da escolha do novo diretor, contrariando os interesses de seus pares, que queriam que o processo fosse resolvido internamente. ?Summers é mais um daqueles loucos autoritários no estilo de Washington?, criticou um professor.