Em um futuro não muito distante, as empresas precisarão mais de tecnologias do que de funcionários, certo? Não é bem assim. Embora a adoção de diversas inovações, como inteligência artificial e automatização de tarefas, esteja mudando a rotina de centenas de milhares de empresas, existe uma corrente que defende a valorização da capacidade humana neste processo. Tanto é que, para essa revolução acontecer de forma mais planejada e ética, a subsidiária da empresa de energia portuguesa EDP se uniu à empresa de headhunting Korn Ferry, à consultoria EY e à faculdade especializada em tecnologia Fiap para dar início ao pacto Fórum Empresarial de Digitalização Humanizada no Trabalho. O objetivo é atrair empresas de diversos setores no Brasil, para que se comprometam com dez pontos. Entre eles, destacam-se considerar o fator humano na tomada de decisões sobre o uso da tecnologia, e administrar a velocidade de absorção de mudanças dentro de uma organização. Em outras palavras, a ideia é criar uma cartilha de bons modos às empresas, com objetivo de não gerar impactos negativos aos funcionários nesse processo de digitalização. Inicialmente, a EDP Brasil vai investir R$ 8,3 milhões nos próximos 18 meses em um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento, com participação da EY e USP, para desenvolver sistemas de inteligência artificial aplicados à área de distribuição de energia. Atualmente, 42 processos já são robotizados, e até o fim deste ano serão 100. “Já utilizamos robôs em atividades de tarefas repetitivas, como digitar dados no sistema, e isso fez cair a porcentagem de erros e permitiu que as pessoas se dedicassem a trabalhos melhores”, diz presidente da EDP Brasil, Miguel Setas. “O objetivo dessa cartilha é mostrar que a transição, se bem planejada, pode reduzir as incertezas em torno da robotização. Há benefícios para os trabalhadores.”

(Nota publicada na Edição 1051 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Carlos Eduardo Valim e Rachel Rubin)