São dois os principais gatilhos que alimentam o consumo de guloseimas por parte do brasileiro. Um deles é o de memória afetiva ao saborear produtos tradicionais como as balas de framboesa 7Belo, as Kids de leite, as sortidas Soft e Juquinha, o Dadinho de amendoim ou ainda as redondinhas de canela. O outro atrativo é por quitutes importados e cheios de inovação. A fabricante alemã Haribo tem conquistado o paladar do brasileiro ao unir esses dois estímulos. Com 102 anos de história, a empresa tem trazido novidades para o País e também produzido itens que caem no gosto tupiniquim. Os resultados têm sido expressivos desde que iniciou operação por aqui, em 2016, com setor administrativo em Jundiaí (SP) e produção na fábrica de Bauru (SP).

Em 2021, o faturamento cresceu 30% em relação a 2020 — os números absolutos da receita não são revelados. A expectativa é de aumento de 40% neste ano. “Nosso plano é dobrar de tamanho no Brasil até 2026”, disse à DINHEIRO Alexandre Nedel, comandante da operação local da companhia. “Estamos fazendo um trabalho consistente, com apoio da holding. A Haribo vê o País como estratégico e importante para evolução global da marca”, afirmou o executivo, nona colocada no ranking mundial da indústria de doces pelo 2020 Global Top 100 Candy Companies e líder na categoria de balas de gelatina, marshmallows e regaliz (doce de alcaçuz).

Os investimentos por aqui mostram isso. Inaugurada em 2016, a fábrica de balas localizada em Bauru é a primeira e única da empresa fora da Europa, onde possui 15 plantas. A produção brasileira é destinada 60% para o mercado local e 40% para os Estados Unidos. A fabricação está a todo vapor e vai receber ampliação e melhorias. Novos produtos e embalagens serão lançados em breve. “Vamos investir 100% a mais em 2022 do que em 2021”, afirmou Nedel, que tem vasta experiência no setor, com passagens por Mondelez e Kellogg’s e participação no desenvolvimento de marcas como Bis, Halls, Oreo, Pringles, Sonho de Valsa e Trident.

Entre as últimas novidades que garantiram avanços da marca no País estão a bala sabor melancia e a de açaí ­— esta faz parte da campanha Frutas do Mundo. Além do açaí, distribuído para a América do Sul, a Haribo lançou os sabores maçã-verde (Europa), cranberry (América do Norte), kiwi (Austrália), manga (Ásia-Pacífico) e pêra de cacto (África). Neste ano, a empresa vai continuar a parceria com a Mattel para lançamentos de produtos de sabores exclusivos e itens lúdicos carimbados com as marcas Barbie e Hot Wheels. “Brasileiro ama novidade, espera por novidade. Isso nos leva a inovar sempre, com produtos sazonais”, disse. Essas “inovações” foram responsáveis por 17% do total de vendas em território nacional.

Ainda no plano das ações consideradas inovadoras está a melhoria na distribuição — atualmente são 50 parceiros — e o aperfeiçoamento da visibilidade da marca nos pontos de venda. O foco é principalmente nas capitais, com ênfase no Sul e Sudeste.

POTENCIAL O mercado brasileiro é bilionário e tem bom potencial de expansão, na avaliação do executivo. Segundo dados da Nielsen, o setor de balas e confeitos no Brasil movimentou R$ 2 bilhões em 2021, 13% superior ao ano anterior. As balas de gelatina representam 23% do total e registraram crescimento de 33%. Com relação a consumo, cada cidadão alemão come em média 4 kg de balas de gelatina por ano, de acordo com a estimativa da Haribo. Na Espanha, são 400 gramas por pessoa. No Brasil, apenas 55 gramas. “O consumidor brasileiro está descobrindo a bala de gelatina, trocando o pirulito, a goma de mascar e as pastilhas por bala de gelatina”, disse Nedel.

O alto consumo alemão não é à toa. A tradição na degustação da iguaria tem a ver com a criação da Haribo, em 1920. O principal produto da marca, o Ursinho de Ouro, completa seu centenário neste ano. Em 1967, foi oficialmente reconhecidos como marca registrada pelo escritório de patentes da Alemanha — praticamente um patrimônio nacional. Hoje é distribuído para mais de 100 países. Não são exatamente de ouro, são de gelatina. E têm deixado a receita da Haribo cada vez mais doce.