Por Gabriel Araujo

SÃO PAULO (Reuters) – Lewis Hamilton pediu ação para mudar “mentalidades arcaicas” depois que um comentário racista sobre ele feito pelo tricampeão brasileiro Nelson Piquet provocou uma condenação generalizada.

Em uma entrevista no YouTube em novembro, Piquet, de 69 anos, usou a palavra “neguinho” para se referir ao heptacampeão mundial, ao comentar sobre o acidente de Hamilton no Grande Prêmio da Inglaterra com Max Verstappen.

Ele também disse que Hamilton jogou sujo no incidente. A filha de Piquet, Kelly, é companheira de Verstappen, e os comentários ressurgiram quando os pilotos se preparam para retornar a Silverstone neste fim de semana.

Hamilton, que recentemente recebeu a cidadania brasileira honorária e é o único piloto negro do esporte, respondeu no Twitter.

“Vamos focar em mudar a mentalidade”, disse o piloto da Mercedes em português, para depois acrescentar em inglês: “É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar em nosso esporte.”

“Estive cercado por essas atitudes e fui alvo a minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação.”

A Federação Internacional de Automobilismo (FIA), a Fórmula 1 e a Mercedes emitiram declarações condenando o racismo, mas sem mencionar Piquet pelo nome.

“Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não faz parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito”, disse a Fórmula 1.

A Mercedes afirmou que Hamilton é “um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora das pistas”, enquanto a FIA expressou solidariedade e apoio ao “compromisso (do britânico) com a igualdade, diversidade e inclusão no automobilismo”.

A assessoria de imprensa de Piquet não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Piquet, que conquistou seus títulos em 1981, 1983 e 1987, tem sido um defensor do presidente Jair Bolsonaro e dirigiu o Rolls-Royce presidencial durante uma cerimônia no ano passado.

(Reportagem adicional de Alan Baldwin em Londres)

((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS AC

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