O Haiti novamente deixou claro nesta terça-feira (4) sua intenção de realizar um referendo constitucional em junho, apesar das críticas internacionais de que o processo não é suficientemente transparente.

“Um referendo é um ato de soberania. Essencialmente, diz respeito aos haitianos: são eles que decidem se querem ou não um referendo para mudar a Constituição”, afirmou o primeiro-ministro haitiano, Claude Joseph.

O presidente Jovenel Moise governa por decreto, depois que as eleições legislativas marcadas para 2018 foram adiadas e em meio a disputas sobre o término de seu mandato.

Além das eleições presidenciais, legislativas e locais em setembro, Moise quer apresentar um novo projeto de Constituição da nação insular que seria submetido a votação popular em 27 de junho.

O Core Group (composto por representantes das Nações Unidas, da União Europeia e da Organização dos Estados Americanos, bem como das embaixadas da Alemanha, Brasil, Canadá, França, Estados Unidos e Espanha) manifestou na semana passada a sua preocupação de que “este processo nesta fase não é suficientemente inclusivo, participativo ou transparente”.

O governo haitiano insistiu nesta terça-feira que não pretende abandonar esta consulta popular, embora permaneça aberto ao diálogo.

“Algumas das preocupações expressas por nossos amigos internacionais são bem fundamentadas e legítimas”, declarou Joseph durante sua primeira entrevista coletiva desde que foi nomeado primeiro-ministro, em 14 de abril.

“O referendo deve ser um processo inclusivo, por isso o presidente iniciou um processo de diálogo”.

Com a nomeação de um sexto primeiro-ministro em quatro anos, o presidente Moise enfrenta forte descontentamento de alguns setores da sociedade que exigem sua renúncia, em parte devido à incapacidade do governo de conter o aumento da criminalidade.

Os sequestros de resgates dispararam nos últimos meses, refletindo a crescente influência de gangues armadas no país.