Por Raphael Satter

WASHINGTON (Reuters) – Espiões russos acusados de terem interferido nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 passaram boa parte dos últimos dois anos usando e abusando de Redes Virtuais Privadas (VPNs) para atingir centenas de organizações ao redor do mundo, disseram autoridades dos Estados Unidos e do Reino Unido nesta quinta-feira.

Os governos disseram em um comunicado conjunto que a Unit 26165, braço da agência de espionagem militar da Rússia cujos agentes foram indiciados por supostamente terem invadido emails do Partido Democrata, têm usado VPNs e Tor – uma rede com foco em privacidade – para conduzir “tentativas de acesso generalizadas, distribuídas e anônimas com força bruta contra centenas de governos e alvos do setor privado”.

O comunicado não identifica nenhum dos alvos pelo nome, dizendo apenas que a maioria se encontrava nos Estados Unidos e na Europa e incluía escritórios governamentais, partidos políticos, empresas de energia e de advocacia e organizações da mídia.

A embaixada russa em Washington não respondeu imediatamente à mensagem pedindo comentários.

Autoridades russas rotineiramente rechaçam acusações de que empregam hackers para espionar nações rivais.

A United 26165 chegou aos holofotes do público em meados de 2018, quando uma dúzia dos seus membros foram indiciados durante a investigação do promotor especial Robert Mueller sobre a interferência da Rússia na eleição que levou o ex-presidente Donald Trump ao poder. Mais membros da unidade foram indiciados no final daquele ano por supostamente terem hackeado autoridades internacionais anti-dopagem.

A unidade tem aparecido com frequência nas manchetes desde então. Ano passado, foi denunciada por autoridades dos EUA por supostamente terem usado softwares maliciosos para invadir sistemas Linux.

O comunicado conjunto de quinta-feira foi emitido pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, o braço cibernético do Departamento de Segurança Interna do país, o FBI e o Centro de Ciber-Segurança Nacional britânico.

Agências de espionagem nos EUA e no Reino Unido têm se dedicado cada vez mais a denunciar hackers estrangeiros, especialmente quando supostamente se originam de Rússia ou China.

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