O empresário José Rizzo, fundador e CEO da Pollux, maior empresa brasileira de automação industrial, com sede da cidade catarinense de Joinville, está multiplicando seus negócios no ritmo frenético das linhas de produção das fábricas em que atua. Depois de registrar vendas de R$ 120 milhões em 2019 — alta de 71% sobre os R$ 70 milhões em 2018 —, ele já enxerga alcançar um faturamento de R$ 600 milhões nos próximo três anos. “Com o potencial dos contratos e parcerias que estão surgindo, não será difícil superar o primeiro bilhão em cinco ou seis anos”, afirma Rizzo.

A prevista multiplicação das vendas se explica pela combinação de dois fatores principais, dentro e fora do Brasil. No campo internacional, a Pollux vai lançar suas operações no Canadá e nos Estados Unidos, fornecendo robôs e software para a indústria local. A empresa já mantém subsidiárias no México, mercado no qual já é uma das principais fornecedoras das montadoras de automóveis. Para Rizzo, a aposta nas subsidiárias da América do Norte será o principal motor da sua expansão, que inclui planos de estreia também na Colômbia. “Nossa decisão de ir para o Canadá se deu após um convite do governo daquele país, que viu em nosso modelo de negócio uma forma de suprir a demanda e o crescimento da indústria canadense”, diz o empresário.

Dentro do Brasil, a Pollux coloca suas fichas no chamado Track & Trace, sistema que integra hardware e software para controle e rastreabilidade do mercado de medicamentos — exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para todos os laboratórios desde o final de 2019. A RDC 319, que substitui a resolução anterior e atualiza as Diretrizes Gerais de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos, obriga as fabricantes de remédios a implementar sistemas mais seguros de produção e mecanismos eficientes de controle dos produtos. Para 2020, a indústria farmacêutica deve responder por 30% do resultado da companhia, segundo seu fundador. “Há um imenso espaço para a robotização e automação na indústria brasileira”, diz Rizzo. Enquanto temos apenas dez robôs para cada 10 mil habitantes, em países como Estados Unidos e Alemanha essa proporção chega a 200 equipamentos para atender ao mesmo número de pessoas”, destaca o empresário.

Espaço para crescer: Enquanto o Brasil emprega dez robôs para cada 10 mil habitantes, nos EUA e na Alemanha, esse mesmo número de pessoas é atendido por 200 robôs. (Crédito:Divulgação)
Divulgação

Atualmente a Pollux é a principal fornecedora de robôs para algumas das maiores companhias em operação no Brasil, como as do setor da construção Tigre e Docol, além de montadoras como Volkswagen, BMW, FCA e PSA. Entre seus maiores clientes estão gigantes como Nestlé, L’Oréal, Unilever e Natura. No médio prazo, Pollux quer ampliar seus contratos com pequenas e médias empresas. “Criamos uma nova divisão de negócio voltada a indústrias de menor porte, que consiste em alugar os robôs em contratos a partir de 60 meses. Com isso, em vez de pagar R$ 500 mil por um equipamento, nosso cliente pode locar a um custo de apenas R$ 10 mil mensais”, destaca Rizzo.

MAIOR PRODUTIVIDADE Aumentar o grau de automatização da indústria é uma questão essencial para equacionar o baixo índice de produtividade no País. Para José Velloso, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a competitividade da economia brasileira depende do aumento do investimento em robotização e automação.

“A ideia de que o trabalhador brasileiro é menos produtivo do que os operários americanos ou europeus é equivocada. Ao dividir faturamento e lucro pelo número de empregados, há uma distorção do conceito de produtividade”, garante Velloso. “Enquanto as empresas americanas investem US$ 300, em média, para cada trabalhador, por ano, no Brasil, esse investimento é de US$ 60.” A julgar pelos planos da Pollux, não faltarão vagas para robôs na indústria brasileira. E nem fora do Brasil.