O avanço expressivo de pessoas ocupadas no País mostra uma melhora quantitativa no mercado de trabalho, mas ainda não qualitativa, avaliou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O total de ocupados aumentou em 1,067 milhão de pessoas no trimestre encerrado em maio, em relação ao trimestre terminado em fevereiro.

No entanto, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) ainda exibe recordes negativos, como no desalento e na subocupação por insuficiência de horas trabalhadas.

“Desse um milhão (de ocupados a mais), cerca de 600 mil é aumento de população subocupada por insuficiência de horas. É como se eu não tivesse usando toda a capacidade que esse meu ocupado pode dedicar ao trabalho. As pessoas estão trabalhando sim, mas mais de 60% manifestam uma vontade de trabalhar mais para ter um rendimento maior. E essa demanda não está sendo atendida”, disse Adriana.

Segundo a pesquisadora, há mais pessoas trabalhando, mas a análise sobre a forma como estão se inserindo no mercado deve levar em consideração a questão da contribuição previdenciária, a produtividade da economia e a qualificação, por exemplo.

“Tem de fato uma melhora quantitativa no mercado de trabalho. Você vê mais pessoas trabalhando. Agora a forma que as pessoas estão se inserindo no mercado de trabalho é outro enfoque. É obvio que é melhor ter algum trabalho do que nenhum”, lembrou Adriana.

Apesar do avanço no total de pessoas trabalhando, a proporção de ocupados contribuindo para a Previdência Social recuou de 63,7% no trimestre encerrado em fevereiro para 63,1% no trimestre terminado em maio.

“Eu tenho mais pessoas ocupadas, mas a minha proporção de pessoas contribuindo para a Previdência caiu. Isso é mais um elemento para as análises”, concluiu a pesquisadora.