O israelense Amos Genish tem uma estranha convicção: de que a telefonia brasileira é dominada por um cartel. A afirmação não parte de um sindicalista, senão do presidente de uma operadora, a GVT, que atende as regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do Brasil e o mercado corporativo no Rio de Janeiro e São Paulo. ?Há um entendimento entre as grandes operadoras, Embratel, Intelig, Telefônica e Brasil Telecom, que impede a competição na tarifa. Eles só brigam com personagens e propaganda, mas no final mantêm o preço alto para subsidiar outras áreas em que têm preços menores?, afirma Genish. Para o executivo, a única forma de penetrar nesse mercado é inovar com tecnologias promissoras que forcem as competidoras a baixar os preços. A última jogada da GVT, que faturou R$ 600 milhões no último ano, foi o lançamento de seu serviço de telefonia pela internet.

Diferente de outros serviços anunciados no Brasil, em que a tecnologia serve apenas como maneira de transportar uma ligação, reduzindo moderadamente os preços oferecidos pelas operadoras, o produto da GVT oferece aos usuários uma linha virtual local para a cidade em que a chamada será destinada. ?O serviço de telefonia agora é igual ao e-mail. Não se cobra diferentemente por uma mensagem enviada para a mesma cidade, outro Estado ou outro país?, diz o executivo. Embora não divulgue o número de novos clientes residenciais e corporativos, Amos assegura que pelo menos 50 contratos com empresas de grande porte estão engatilhados e que seu faturamento com telefonia pela internet responderá por 20% dos R$ 1,2 bilhão planejados para 2006. Sobre a concorrência, Amos diz que a GVT, finalmente, mudará com o jogo da telefonia de longa distância no Brasil. ?Estamos incomodando. E eles têm uma fatia média de 50% de mercado onde atuam. Agora serão obrigados a baixar seus preços ou ver seus clientes migrando para outras operadoras?, diz. Resta saber se nessa história corporativa, o pequeno Davi derrubará Golias.

R$ 600 milhões foi o faturamento da empresa no último ano