Uma das mais tradicionais escolas de economia do País, a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo deu um drible em disciplinas maçantes como Controladoria, Dinâmica Organizacional e Economia Aplicada. Em cursos especiais, a GV tem obtido sucesso acadêmico lecionando Alta Administração Esportiva. Na semana passada, professores das universidades inglesas de Liverpool e Leeds completaram com sucesso o Seminário Avançado sobre Gestão de Futebol para uma platéia de advogados, dirigentes de clubes e diretores de empresas de marketing esportivo. ?A GV descobriu que o mercado esportivo é carente de cursos nesta área?, afirma Antonio Carlos Aidar, coordenador do seminário de futebol. ?Nós, felizmente, ocupamos espaço num negócio que só no Brasil movimenta US$ 2,7 bilhões por ano.?

Não é a primeira vez que a faculdade entra em campo. A idéia de ministrar cursos para administração esportiva foi executada pela primeira vez dois anos atrás e, desde então, a demanda de alunos é crescente. Pelas cadeiras da faculdade já passaram craques como o ex-jogador de futebol Sócrates, Paula e Karina, do basquete, e Montanaro, do vôlei.

No seminário encerrado na semana passada, o objetivo foi o de apresentar a cartolas, como são chamados os dirigentes de futebol no País, experiências administrativas de clubes-empresas europeus. Na Inglaterra, de onde vieram dois professores, o futebol é levado tão a sério que a Universidade de Liverpool é a única do mundo a ter um MBA em Football Industries. Há, ali, uma grande estrutura para solucionar dificuldades administrativas do esporte mais popular do mundo. ?Os problemas econômicos do futebol brasileiro são iguais aos encontrados no resto do planeta?, afirma o professor Bill Gerrard, da Universidade de Leeds. ?Todo dirigente precisa entender que quanto melhor for a situação financeira do clube, melhor será o desempenho do time no campo?, conclui Gerrard. Nessa medida, em sua aula da quinta-feira, 30, ele proferiu um discurso que soou como música para os ouvidos dos executivos esportivos. ?É preciso repensar os salário dos jogadores e adequá-los aos ganhos dos clubes-empresas?, disse sob máxima atenção. Na sala, todos traduziram esse ?repensar? por rebaixar. O tema foi um dos mais discutidos do seminário. Aulas sobre como avaliar a qualidade de um jogador e determinar os valores das transferências integraram o currículo do curso. A sala de aula lotada de representantes de grandes clubes como o Palmeiras, São Paulo e Portuguesa mostrou o sucesso da iniciativa da faculdade. ?Os profissionais estão em busca de alternativas administrativas para o negócio do futebol?, diz Orlando Cordeiro de Barros, vice-presidente da Portuguesa. ?Quem não se reestruturar está fora.? Na mesma área, o advogado Pedro Guidolin, do escritório Pinheiro Neto, juntava informações para atender clientes estrangeiros interessados em investir no futebol brasileiro. ?O esporte vive uma fase de transição propícia a novos negócios?, afirma Guidolin. ?Estamos nesse jogo.?