Em agosto de 1945, as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas nucleares e mataram, pelo menos 129 mil pessoas, além de todos os efeitos devastadores para a saúde de outros tantos milhares provocados pelas radiações. E o que poderia acontecer, nos dias de hoje, sob uma ameaça de guerra nuclear?

Atualmente, o mundo tem na sua posse um número estimado de 12.700 ogivas nucleares. Não se sabe ao certo qual o armamento de cada país, mas estima-se que a Rússia é o país com mais armas em sua posse, seguido dos Estados Unidos. Segundo os dados a FAS, Federal American Scientist, seriam 5977 e 5428 ogivas nucleares, respetivamente.

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Sendo assim, quando Vladimir Putin ordena a invasão de um país e dá início a uma nova guerra sob ameaça nuclear, é inevitável que o mundo fique alerta e com receio do que poderá acontecer com os desenvolvimentos.

Até onde poderá ir a destruição provocada por uma bomba nuclear? Esta é uma questão que intriga muita gente. A bomba atômica que caiu em Hiroshima, no Japão, em 1945, provocou a morte de 66 mil pessoas e feriu outras 69 mil, extrapolando para os dias de hoje, se esta bomba caísse numa cidade metropolitana atual, como Londres, por exemplo, o número de mortos poderia ir para os 90 mil e os feridos para os 272 mil. Estes valores são assustadores e revelam bem a dimensão que teria uma guerra neste momento.

A verdade é que não há uma fórmula exata para estimar o impacto de uma única bomba nuclear, porque depende de muitos fatores, incluindo o clima no dia em que foi lançada, a hora do dia em que foi detonada, a própria geografia do local atingido e se explode no chão ou no ar.

Ainda assim, existe alguma previsibilidade das consequências devastadoras de uma arma destas. Existem na Internet até alguns serviços que simulam o impacto da detonação de uma bomba nuclear, como o Outrider.

Cerca de 35% da energia de uma explosão nuclear é libertada na forma de radiação térmica. Como a radiação térmica viaja à velocidade da luz (aproximadamente), a primeira coisa que atingirá uma pessoa é um flash de luz e calor ofuscantes. Só a luz em si será suficiente para causar algo chamado cegueira por flash – uma forma geralmente temporária de perda de visão que pode durar alguns minutos.

Num vídeo interativo criado pela AsapSCIENCE, são revelados alguns fatos interessantes, relacionados com os efeitos para as pessoas e para o meio envolvente, com base numa bomba de 1 megaton, que, ainda assim é 80 vezes maior que a detonada em Hiroshima, mas muito menor que as armas nucleares modernas.

Para uma bomba deste tamanho, pessoas em até 21 km de distância teriam esta cegueira instantânea num dia claro, e pessoas a até 85 km, ficariam temporariamente cegas numa noite clara.

O calor seria terrível para aqueles mais próximos da explosão. Queimaduras de primeiro grau podem ocorrer a até 11 km de distância, e queimaduras de terceiro grau poderiam afetar qualquer pessoa a até 8 km de distância. Queimaduras de terceiro grau que cobrem mais de 24% do corpo provavelmente seriam fatais se as pessoas não recebessem cuidados médicos imediatamente.

Estas distâncias são variáveis, dependendo dos fatores já relatados, mas também do próprio tipo de roupa que se está vestindo. É improvável, no entanto, que isso faça muita diferença, principalmente para quem ficar perto do centro da explosão. As temperaturas perto do local da explosão da bomba em Hiroshima foram estimadas em 300 mil graus Celsius – o que é aproximadamente 300 vezes mais quente do que a temperatura em que os corpos são cremados.

Dentro de um raio de 6 km, com uma bomba de 1 megaton, as ondas de choque produziriam 180 toneladas métricas de força nas paredes de todos os edifícios de dois andares e velocidades do vento de 255 km/h. No raio de 1 km, o pico de pressão é quatro vezes maior e a velocidade do vento pode chegar a 756 km/h. Tecnicamente, as pessoas podem suportar tal pressão, no entanto, a maioria seria morta pela queda de edifícios.

Há depois, o perigo de envenenamento por radiação nuclear, sendo que estes não são apenas efeitos imediatos, sendo mesmo os mais duradouros. Um estudo de simulação publicado em 2019 refere que uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia mergulharia a Terra num inverno nuclear em poucos dias, devido aos níveis de fumaça e ferrugem liberados na atmosfera.

Além disso, as partículas radioativas podem viajar por longos quilômetros, afetando a população mais longínqua do epicentro da bomba. No entanto, estes são apenas efeitos hipotéticos.