A invasão russa por terra, ar e mar contra as fronteiras ucranianas na madrugada desta quinta-feira (24) confirmou os temores de uma guerra que irá afetar todo o mundo – é a mais grave crise militar europeia desde a Segunda Guerra. Explosões ouvidas próximas à capital da Ucrânia, Kiev, indicam que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi além dos limites da região de Donbass, área de maioria étnica russa que seria “protegida”.

Enquanto Kiev chama a ofensiva russa de “invasão total” e compara literalmente Putin a Adolf Hitler, os efeitos da guerra começam a ser percebidos no Brasil.

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O preço do petróleo extrapolou o limite de US$ 100 pela primeira vez em mais de sete anos. Com a política de Paridade de Preços Internacionais (PPI) adotada pela Petrobras, o consumidor brasileiro pode esperar novos aumentos nos preços dos combustíveis.

Além de a Rússia ser um grande produtor de petróleo, sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia também devem pressionar o preço da energia. A guerra pode interromper o fornecimento de gás natural russo e forçar países europeus a buscarem outras fontes de energia, o que pode causar um impacto nos preços internacionais.

Mesmo com títulos do Tesouro americano caindo, as cotações de dólar, ouro e petróleo no mercado internacional dispararam com a invasão russa. Os mercados devem refletir no Brasil essa pressão global.

Impacto no comércio e no agronegócio

O conflito também deve afetar o comércio exterior brasileiro, já que a Rússia é o 10º maior parceiro comercial do Brasil. Entre os principais produtos importados dos russos estão insumos à produção de fertilizantes, o que pode impactar o agronegócio brasileiro.

“Quando falamos em comércio exterior, a Rússia, sem dúvidas, é um dos principais parceiros comerciais brasileiros ao longo dos últimos anos. Se analisarmos os principais produtos importados da Rússia, vemos cloretos de potássio, amônio e ureia, que são componentes importantes para a produção de fertilizantes. Dessa maneira, caso o conflito acarrete na redução do fornecimento desses suprimentos, a tendência é o setor do agronegócio sofrer com isso”, avalia Helmuth Hofstatter Filho, CEO da Logcomex, empresa especializada em comércio exterior.

Além disso, a Rússia é um dos principais produtores de trigo e milho do mundo, o que poderia acarretar diretamente na vida do produto e consumidor brasileiro. “Caso o conflito faça com que o fornecimento dessas commodities seja freado, o produto brasileiro ganha, já que o preço delas deve encarecer. Por outro lado, o consumidor perde, já que com as mercadorias sendo vendidas para o exterior a oferta no Brasil fica mais escassa”, explica Helmuth.

Confira os 10 produtos russos mais importados pelo Brasil em 2021:

Cloretos de potássio – US$1.444.217.232,45;

Diidrogeno-ortofosfato de amônio – US$889.095.810,39;

Uréia – US$ 514.303.474,02;

Hulha betuminosa – US$ 411.738.423,17;

Nitrato de amônio – US$ 397.119.747,44;

Adubos (fertilizantes) minerais ou químicos, que contenham os três elementos fertilizantes: Nitrogênio (azoto), fósforo e potássio – $354.633.490.25;

Alumínio – US$138.708.682,55;

Hulha antracito – U$66.084.187,48,

Malte – $64.032.076,51;

Produtos laminados planos de ferro ou aço – $54.417.823,68.