O conflito militar na Ucrânia representará 16 a 35 bilhões de dólares em perdas para os seguros, incidindo sobretudo em ramos menos comuns, aponta uma estimativa divulgada pela S&P Global Ratings. Os custos da destruição são ainda incertos para o setor segurador. Parte importante dos pedidos de compensação será confrontada com cláusulas de exclusão e capitais máximos inscritos nas apólices.

Os cálculos da agência de notação financeira incluem possíveis perdas de seguros de aviação por um total que oscila entre seis bilhões e 15 bilhões de dólares. Outras linhas de especialidade suscetíveis de serem afetadas pela agressão militar da Rússia são os seguros cibernéticos, risco político e marinha mercante.

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Para as coberturas de aviação, o relatório antevê anos de disputas legais entre locadoras e companhias de seguros por causa dos aviões retidos em solo da Rússia como medida de retaliação pelas sanções internacionais aplicadas a Moscou e partes relacionadas com o governo russo, após a invasão militar na Ucrânia. Pode demorar “muitos anos para liquidar as perdas finais incorridas pelas companhias de leasing de aeronaves, seguradoras e resseguradoras”, admite a agência de notação financeira.

Outras fontes referem que os custos da agressão prosseguida pela Rússia na Ucrânia são ainda incertos para a indústria seguradora, uma vez que parte importante dos pedidos de compensação será confrontada com cláusulas de exclusão e capitais máximos de cobertura inscritos nas apólices.

A AerCAP, considerada maior locadora de aviões no mundo, já apresentou um pedido junto das seguradoras reclamando 3,5 bilhões de dólares de compensação por mais de 100 aeronaves retidas na Rússia. “Submetemos um pedido de compensação de seguro por cerca de 3,5 bilhões de dólares relativamente aos nossos aviões e motores que permanecem na Rússia”, disse Peter Juhas, administrador financeiro (CFO) da irlandesa AerCap numa conferência com analistas.

Entre mais de 20 das maiores resseguradoras globais acompanhadas pela S&P muitas serão confrontadas provavelmente, com cerca de metade das perdas globais previstas. Se o impacto significará apenas menos lucros para algumas, para outras, o esforço para gerir os efeitos indiretos da guerra (somados aos custos com catástrofes naturais) pode representar volume de imparidades que afetarão as respetivas posições de capital.

Ucrânia vai reclamar à Rússia reparação por danos de guerra

O governo ucraniano já estimou custo total (provisório) dos danos da agressão russa em mais de 560 bilhões de dólares e irá batalhar por uma compensação financeira depois da guerra. A vice-PM ucraniana Yulia Sviridenko disse que os danos causados pela Rússia desde o início da invasão militar, em 24 de fevereiro, ascendem provisoriamente a um equivalente a superior a 515 bilhões de euros.

A decisão de reclamar reparação pelos danos da guerra já tinha sido referenciada pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O governador do banco central ucraniano também afirmou que a reconstrução da Ucrânia terá de ser paga pela Rússia. Os custos, que a Ucrânia reclamará à Rússia a título de reparação financeira pela destruição resultante da guerra e pelos prejuízos de outros efeitos indiretos (desemprego, despesa de consumo, quebra do PIB e receita pública), parcelas que aumentam a cada dia da operação militar do invasor. Siviridenko, que acumula a pasta da Economia e Comércio, indicou que o montante mais elevado relaciona infraestruturas, cerca de 8.000 quilômetros de estradas destruídas ou danificadas, assim como dezenas de estações e aeroportos.

A governante listou os danos e respectivos montantes provisórios, entre outras parcelas, atribuindo 119 bilhões de dólares pela destruição de infraestrutura pública destruída, 112 bilhões de dólares em perdas na atividade econômica (pib) de 2022 e mais de 90 bilhões de dólares em prejuízos em imóveis de habitação, que somam a outros sobre o parque automóvel e cadeias de abastecimento alimentar.

A Ucrânia “vai exigir uma compensação financeira” ao invasor, através de decisões judiciais ou da transferência direta para o Estado de bens russos atualmente congelados na Ucrânia, afirmou a ministra citada pelas agências noticiosas internacionais.