O dólar vinha em queda desde o início do ano, quando registrou R$ 5,70 e chegou a cair a R$ 5 em meados de fevereiro. Desde que começaram os ataques da Rússia à Ucrânia, o dólar voltou a subir, alcançando R$ 5,10, ainda abaixo da cotação do início do ano. Nesta sexta-feira (4), a moeda teve alta de 1% e fechou em R$ 5,07. Será que é hora de investir na moeda?

“Em momentos de guerra, países emergentes como o Brasil tendem a sofrer com a desvalorização de suas divisas. Isso é um efeito da alta de commodities, o trigo subiu mais de 40%. Essa pressão faz com que os preços aqui no Brasil fiquem mais altos”, explica Vinícius Machado, economista e gestor de investimentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Para ele, o País não terá um impacto forte no dólar em relação a outras economias porque tem uma grande produção de commodities. “Outras economias não têm o peso agrícola, de minérios e de petróleo como o Brasil”, destaca Machado.

“Mesmo assim, comprar dólar não é a melhor aposta nesse momento, mas, para quem tem interesse, é bom procurar uma corretora para fundos cambiais e investimentos em renda fixa em dólar para fugir de guardar a moeda em casa”.

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Para o economista, o aumento da inflação será o impacto mais negativo do conflito no Brasil, com o petróleo mais caro e problemas na importação de fertilizantes da Rússia.

Já para Enzo Ribeiro, especialista em soluções financeiras inteligentes e tributação, o cenário é de preocupação para os investidores, porém “o dólar é considerado um ativo seguro e tende a ganhar força neste primeiro momento, sendo considerado, sim, um momento oportuno para investir na moeda norte-americana”.

Ribeiro sugere algumas opções de investimento em dólar, como fundos de índice (ETF, na sigla em inglês), fundos cambiais, recibos de ações (BDR), contratos futuros, mercado de opções, além “da boa e velha compra direta”.

O mestre em Economia e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Ricardo Balistiero, considera que a entrada forte de dólares no Brasil no mês de janeiro e fevereiro não deve se manter por muito tempo. “Existe uma fuga de investidores, neste momento, para ativos de mais risco. Há uma aversão a risco em cenário de guerra. Esse fluxo de capitais não será mantido nos próximos meses. O dólar deve oscilar muito ao longo do ano de 2022 por conta da guerra e do cenário eleitoral turbulento no segundo semestre”, disse Balistiero.