Com somente um integrante original do chamado “Dream Team” da equipe técnica do Ministério da Economia, Paulo Guedes está cada vez mais distante do objetivo que tinha ao assumir a pasta, em janeiro de 2019. Enfraquecido pela ala política do Palácio do Planalto, o ministro neoliberal viu nesta quinta-feira (21) o presidente Jair Bolsonaro dar carta branca para a criação do Auxílio Brasil, fazendo malabarismo para não furar oficialmente o Teto de Gastos, e quatro de seus secretários pediram demissão logo em seguida.

Comenta-se nos bastidores do mundo político que o próprio Guedes seguiu a caminhada de seus ex-comandados e pediu demissão ao presidente Jair Bolsonaro, ainda no fim da tarde desta quinta-feira (21), mas o chefe do Planalto conseguiu demover a ideia. Segundo o blog de Vicente Nunes, no Correio Braziliense, Guedes teve uma reunião em tons exaltados com Bolsonaro e disse que não aceitaria manobras econômicas à sua revelia. Quatro interlocutores garantiram que o ministro pediu sua demissão e que ele está em seu limite emocional para seguir no cargo.

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Nesta sexta-feira (22) está prevista mais uma reunião entre Bolsonaro e Guedes. O encontro não estava marcado na agenda oficial dos dois e não se sabe o que será discutido. Enquanto isso, o mercado segue reagindo muito mal aos anúncios do governo nesta quinta e já precifica uma possível saída de Guedes. Às 13h16 o índice Bovespa caía 3,55% a 103.908 pontos e o dólar era cotado a R$ 5,72, alta de 1,07%.

Confusão na Economia

Na quinta-feira, logo após o anúncio da criação do Auxílio Brasil de R$ 400 e do auxílio para caminhoneiros no mesmo valor, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, assinaram suas demissões. Acompanharam eles a secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo.

Ainda ontem, o próprio Bolsonaro disse, em entrevista à CNN, que o ministro permanece no governo mesmo com a debandada de secretários.

Nesta sexta-feira (22), Guedes teve as agendas do dia em São Paulo canceladas. O Ministério informou somente que ele está em compromissos internos. Além de administrar o fogo amigo no governo, Guedes agora precisa rearranjar sua própria equipe.

Para a Reuters, outras duas fontes da pasta informaram que Guedes não pediu demissão do cargo, que ele “sabe sua responsabilidade” e que sua permanência no governo é importante para a economia não sair dos trilhos.