Depois do anúncio da demissão de Sérgio Moro do cargo de ministro da Saúde, o dólar bateu recorde histórico no fechamento, a R$ 5,66. No entanto, no mercado financeiro já se fala em flerte com o patamar de R$ 6 na próxima semana. Além disso, está mais forte a teoria da provável saída do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para André Perfeito, analista da Necton, o mercado vai manter o tom pessimista e testar o dólar no patamar de R$ 6 ao longo da próxima semana. “Provavelmente, segunda-feira será um dia de mais realizações na chave de fuga para liquidez.”

Francisco Andrade, chefe de investimentos da Forpus Capital, acredita que o dólar pode continuar subindo e o Banco Central terá que aumentar os juros. “Para o curto prazo é bastante negativo. E o mercado tende a ficar mais defensivo.”

O Ibovespa também refletiu a movimentação no governo com queda de 9,5% no intradia. Mais tarde, o índice fechou em queda de 4,6%, a 75 mil pontos.

Segundo Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, “a principal mensagem é que o pior ainda não passou”. “Estamos tendo a materialização de toda preocupação que o mercado tinha”, disse.

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Nos últimos dias, Guedes se mostrou mais afastado do governo e há relatos de que sua equipe não concorda com a estratégia de recuperação após a crise por meio de investimentos públicos, conforme o plano Pró-Brasil.

“A demissão do Moro é bastante ruim”, afirmou Andrade. “Aumentam as chances do Guedes não querer participar desse governo. Moro dava uma certa estabilidade moral.”

Arbetman observou que o cenário pela frente pode se tornar perigoso para a economia brasileira. “O Brasil vinha desde 2016 com agenda de recuperação fiscal e temos a confirmação de que o presidente não reúne os predicados suficientes para tocar os projetos econômicos que o País precisa mais para frente.”