Depois de anunciar um corte de 25% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o ministro da Economia, Paulo Guedes, subiu a linha do corte, agora para 33%. A nova cifra foi anunciada na quinta-feira (24) em um evento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em São Paulo. De acordo com ele, o aumento do corte se dá pelas projeções melhores de arrecadação e faz parte do plano de “reindustrializar o país”. “É a nossa sétima redução de imposto agora”, disse. Desde o começo do governo Bolsonaro o ministro reduziu IOF, zerou o DPVAT, além de promover pequenas alterações no cálculo de outras contribuições. Há ainda nos planos da equipe econômica aumentar a fatia de pessoas físicas isentas de pagar o imposto de renda.

E o discurso foi como uma música nos ouvidos dos empresários do ramo da construção. Eles, que amargaram uma queda no ritmo da atividade em 2020 em função da pandemia, reativaram os canteiros em 2021 e foram um dos motores para o PIB  crescer 9,7% ano passado. O problema foi o dia seguinte. Com a trajetória de alta dos juros e a inflação não cedendo como o esperado, a demanda por novos imóveis começa a arrefecer e qualquer incentivo fiscal ou tributário seria muito bem-vindo.

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O interessante da fala do ministro foi na condução do anúncio da medida. Até a última semana havia no governo um discurso mais voltado para o consumidor, como se fosse garantia que a redução do IPI geraria preços menores nas gôndolas. Mas os empresários, vertente para que essa previsão do governo se confirmasse, mostrou que talvez a redução do imposto fosse usado para cobrir as margens estranguladas pelos últimos anos vendendo os produtos quase que na linha de corte do custo.

Percebendo isso, o ministro começa a tratar do assunto como uma benesse para o empresário, e é exatamente isso que o IPI é nessas condições. Nas projeções iniciais, a redução do IPI em 25% resultaria em uma renúncia na casa dos R$ 20 bilhões por parte do governo, agora, essa cifra pode chegar mais perto de R$ 25 bilhões até o final do ano.

E foi para acalmar os empresários que Guedes também pôde, pela primeira vez em quase três anos, dizer que o dólar está em uma trajetória de queda. “Finalmente o câmbio está começando a ir para o lugar”, disse ele. A moeda americana opera perto de R$ 4,80 nesta quinta-feira. Com relação à inflação, ele afirmou ser correta a medida do Banco Central de subir os juros para segurar os preços, mas disse esperar que seja “um movimento breve que não atinja setores sensíveis a financiamentos mais longos, como o imobiliário.” Torçamos que não seja o mesmo “breve” usado por Guedes ainda em 2019 para explicar o tempo que o dólar ficaria acima de R$ 5.