O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o atual governo não deve enfrentar problemas para rolar sua dívida, mesmo com uma concentração de vencimentos no primeiro quadrimestre de 2021. Ele elencou uma série de medidas que, segundo ele, já garantem cerca de R$ 300 bilhões dos mais de R$ 600 bilhões em títulos que precisarão ser pagos até abril do ano que vem.

Entre essas medidas está a negociação de uma nova devolução antecipada de recursos por bancos públicos, entre eles o BNDES, como antecipou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Segundo o ministro, essa frente é capaz de garantir ao caixa do Tesouro um reforço superior a R$ 100 bilhões.

Guedes citou ainda o recebimento de dividendos de empresas públicas. “Se Caixa fizer IPO (oferta inicial de ações) da Caixa Seguridade, tem mais R$ 20 bilhões, R$ 30 bilhões, R$ 40 bilhões, até R$ 50 bilhões para vir”, disse em evento online promovido pela Empiricus.

O repasse do lucro cambial já feito pelo Banco Central ao Tesouro Nacional também garante uma parte desse colchão, já que ainda não foi consumido integralmente. O Broadcast mostrou, no entanto, que a solicitação de um novo repasse não está descartada.

Guedes disse que chegou ao governo com o objetivo de reduzir a dívida pública e, para isso, previa desinvestimentos, desalavancar bancos públicos e vender estatais. A “tragédia não prevista” da covid-19, porém, acabou levando o País na direção contrária, de elevar seu endividamento.

“O que tem que fazer? Mais intensamente o que estava fazendo antes. Em vez de baixar 0,5% (do PIB, em referência à redução de 0,7 ponto porcentual na dívida bruta do governo em 2019), tem que baixar 1,5% ou 2% (do PIB)”, disse o ministro. “Se antes eu precisava vender uma ou duas estatais, agora tenho que vender cinco por ano.”

Guedes disse que o governo está tomando “cuidados” com a rolagem da dívida, mas avaliou que a situação está equacionada para a atual gestão. “Não espero ter problema de rolagem neste governo”, afirmou.

Ele reconheceu, porém, que os juros mais longos estão elevados, o que poderia trazer desafios nos próximos anos. “A inclinação da curva longa é natural. Se as reformas forem feitas, ela desce”, avisou.

Apesar do quadro fiscal delicado, o ministro reforçou que a reforma tributária não resultará em aumento de tributos. Ele explicou que apenas quem não paga (por exemplo, quem recebe dividendos e é isento) passará a recolher impostos ao governo.