Por Gabriel Ponte

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira esperar que as discussões em torno do Orçamento de 2021 se encerrem bem, e voltou a reiterar que os problemas decorrentes da aprovação da proposta foram consequência da falta de coordenação entre o governo e sua base aliada.

De acordo com Guedes, a discussão no momento gira em torno de corrigir os excessos da proposta aprovada e garantiu não haver “briga”.

“O sinal é que a coalizão política irá aprovar, pela primeira vez junta, um Orçamento. Então é normal haver um erro aqui, acolá, um excesso, mas esperamos que a coisa se encerre bem”, disse o ministro, em inglês, em videoconferência promovida pela Brazilian-American Chamber of Commerce.

“As emendas parlamentares usualmente eram usadas para ter acesso ao Orçamento sem uma coalizão com o governo. Dessa vez foi diferente, a ideia foi ver como as emendas podiam fazer parte dos programas do governo.”

Em sua participação, Guedes afirmou que, da forma como foi aprovado, ele não poderia executar o Orçamento, dizendo estar “muito grande”. Ainda de acordo com ele, os acordos políticos devem caber na proposta.

“Nós não podemos concordar, politicamente, se há mais do que nós podemos arcar para conceder em uma relação política.”

Atualmente, de acordo com ele, o problema em torno do Orçamento centra-se em como apresentá-lo, já que há acordo político em torno da proposta. “O problema agora é como corrigir o excesso de gastos que foi encaminhando em um primeiro momento”, completou.

O Orçamento foi aprovado na semana retrasada com uma reestimativa de 26,5 bilhões de reais para baixo das despesas obrigatórias do governo e uma elevação dos recursos direcionados a emendas parlamentares.

RECUPERAÇÃO ECONÔMICA

Em seus comentários iniciais, Guedes afirmou que apesar da segunda onda da pandemia da Covid-19 ter vindo mais forte que a anterior, ele estima que, mediante a imunização em massa da população ao longo dos próximos três meses, o recuo da atividade econômica será “menos intenso” em comparação ao mês de abril de 2020, ápice das perdas econômicas naquele ano.

“Eu não acho que nós vamos colapsar como colapsamos da primeira vez. Acho que o recuo do PIB (Produto Interno Bruto) será menor e acho que a recuperação será mais rápida”, disse, projetando uma forte retomada econômica a partir do segundo semestre.

A atividade econômica despencou 9,2% entre abril e junho do ano passado, quando as medidas de contenção contra o coronavírus paralisaram a atividade no país.

Na esteira da escalada de casos e óbitos provocados pela Covid-19 no país, Guedes disse que o Benefício Emergencial (BEm), programa de manutenção de emprego e renda lançado no ano passado, será renovado pelo governo.

Ele também disse que o Pronampe, programa de crédito emergencial para micro e pequenas empresas lançado em meados do ano passado, “provavelmente” também deve estar voltando.

Na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2021 com o objetivo de flexibilizar regras para permitir a reabertura do Pronampe e do BEm.

(Por Gabriel Ponte)

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