Os sinais desta semana foram claros: o presidente Jair Bolsonaro aumentou a pressão sobre o ministro Paulo Guedes para liberação de um novo Bolsa Família com valor de R$ 400. E alfinetadas não faltaram. Na cerimônia de posse de Ciro Nogueira na Casa Civil, o chefe do Executivo fez ao ministro da economia um gesto mostrando quatro dedos, em referência ao valor do benefício. Guedes também precisou assumir essa semana que é “demissível” em alusão a uma saída do cargo caso não agrade os parâmetros de seu chefe. Além de tudo isso, Bolsonaro agora conta com o apoio massivo do centrão que, além de não gostar de Guedes, tem interesses na agenda populista do presidente.

Sem anuência de Paulo Guedes, articulações entre o governo e o Congresso acontecem independentes do aval do Chicago Boy, tendo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) mediando os interesses do centrão, que agora ocupa o coração do governo federal. Durante a cerimônia de nomeação do novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, uma fala de Bolsonaro foi mais uma prova da pressão. “Hoje anuncio um aumento de 50% no Bolsa Família, os outros 50% [de aumento] eu deixo para Guedes”. Nesse momento, o semblante de Guedes em nada parecia com o do superministro que assumiu o cargo em 2019.

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Entendendo o recado, não tardou para que Guedes voltasse a falar sobre a taxação de lucros e dividendos, medida essencial para bancar os rompantes populistas de Bolsonaro. A verdade é que, hoje, Guedes luta sozinho para manter o pilar do teto de gastos de pé, mas para ter êxito, ele precisará encontrar uma forma de bancar o Bolsa Família anabolizado. E como se achar espaço no Orçamento não fosse problema o suficiente, as renúncias que o governo fará na arrecadação do imposto de renda de pessoas jurídicas com a reforma tributária também se tornam outro problema. Para compensar esse aumento de gastos e diminuição da arrecadação, só taxando. Segundo o ministro, a maioria dos países cobra entre 30% e 40% dos dividendos. E citou França e EUA com alíquotas acima de 30%.

Com um plano traçado, inimigos declarados e muita incerteza na jornada, Guedes precisará fazer jus à homenagem que recebeu nesta semana do empresário Pedro Albuquerque Filho, CEO da Traders Club (TC), em São Paulo. No saguão de seu escritório, o executivo mandou fazer uma estátua do ministro, com mais de 2 metros de altura. Para quem não viu, o boneco faz alusão a Mandalorian, personagem principal de uma série do universo de Star Wars “[Guedes] aguentou porrada de todos os lados, é dos nossos. Guedeslorian is in the house!”, postou Albuquerque Filho nas redes sociais como legenda da foto do boneco. Que a força esteja com você, ministro.