O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, que deixa o governo no dia 31 de dezembro, último dia do mandato do presidente Michel Temer, afirmou nesta sexta-feira, 21, que está otimista com a perspectiva de aprovação da reforma da Previdência no Congresso no início de 2019, primeiro ano da administração do presidente eleito da República, Jair Bolsonaro.

“Há quase três anos, quando começamos a discutir a reforma, era muito difícil explicar por que era necessário aprovar a reforma, mas hoje acho que a maioria da população e o Congresso Nacional entenderam que é absolutamente necessário enfrentar a reforma”, explicou o ministro, em entrevista concedida à rádio Jovem Pan.

Guardia disse ainda que a aprovação da reforma é “condição necessária” para que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça pelo menos 2,5% em 2019. “É um tema urgente para consolidar os ganhos econômicos que tivemos”, afirmou o ministro. “Se não houver clareza de que a questão previdenciária está bem encaminhada, temo que todos esses ganhos, de retomada do crescimento e inflação baixa, possam ser comprometidos”, acrescentou.

O ministro voltou a defender que a equipe de Bolsonaro, em vez de elaborar uma nova proposta de reforma, tente aprovar a que foi enviada por Temer.

Para Guardia, a proposta de Temer contempla as maiores necessidades: a criação da idade mínima, a criação de uma regra de transição e definir regras iguais para servidores públicos e trabalhadores do setor privado.

“A reforma que está lá (a de Temer) é possível de ser aprovada. O presidente Bolsonaro começa seu governo com um capital político muito forte. Se investir esse capital político na reforma, a minha percepção é que aprova”, disse Guardia, que voltou a criticar a possibilidade de fatiar a reforma em vários projetos. “Fatiar não resolve o problema,”, disse.

Prioridade

O ministro recomendou também que o próximo governo priorize a reforma da Previdência no início do mandato, em vez de tentar atacar várias questões econômicas ao mesmo tempo. “Pela minha experiência no governo, não se consegue fazer todas as reformas ao mesmo tempo. Não adianta tumultuar a pauta do Congresso. É preciso dar um passo de cada vez na direção correta e a prioridade deveria ser a Previdência”, disse.

Servidores

Guardia comentou ainda o reajuste salarial dos servidores e ressaltou que o impacto nos cofres públicos será de R$ 4,7 bilhões em 2019.

“O novo governo terá de cortar esse valor de outras despesas públicas para compensar esse reajuste salarial acima da inflação”, disse ele, em referência à decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a suspensão de medida provisória que adiava o reajuste de 2019 para 2020.