Grupos extremistas buscaram aproveitar-se da pandemia para espalhar sua propaganda e estimular a desconfiança em relação a governos e instituições, declarou a agência policial europeia Europol nesta terça-feira (22).

“Os terroristas se aproveitam da polarização da sociedade para contaminar o clima social com ideologias violentas”, anunciou a Europol em um comunicado.

A agência com sede em Haia (Holanda) publicou seu relatório anual sobre “terrorismo” na União Europeia (UE) nesta terça-feira.

No documento, relata 57 ataques ou tentativas de ataques “terroristas” no último ano na Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Itália e Espanha, assim como 21 pessoas mortas neste tipo de ataque.

As restrições anticovid limitaram as oportunidades de realizar ataques com grande número de vítimas, ressaltou a Europol, observando que todos os ataques extremistas islâmicos na Europa foram cometidos por lobos solitários.

Por outro lado, o número de prisões vinculadas a “terrorismo” caiu um terço em 2020, acrescentou.

A entidade alerta que a pandemia pode ser um fator de estresse adicional, encorajando pessoas potencialmente vulneráveis a se entregar a ideologias violentas.

“Grupos terroristas jihadistas, por exemplo, procuraram explorar a pandemia da covid-19 para fins de propaganda”, acrescenta a entidade.

O grupo do Estado Islâmico (EI) “descreveu a pandemia como um castigo de Deus para seus inimigos, incitando seus seguidores a realizar ataques para aproveitar a vulnerabilidade dos países da coalizão anti-EI”, explicou.

A agência também faz menção a um frustrado ataque de extrema-direita na Bélgica em protesto contra as medidas anticovid e a prisão de uma pessoa na República Tcheca por ameaçar realizar um atropelamento em massa caso bares e restaurantes não fossem reabertos.

A comissária europeia de Assuntos Internos, Ylva Johansson, alertou que “o risco de radicalização virtual aumentou”, especialmente “no terrorismo de extrema-direita”.