O novo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), combinou com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, a criação de um grupo de trabalho que vai avaliar a questão do spread bancário. Na reunião realizada no gabinete do senador, também foi acertado que a primeira ida de Ilan à CAE para audiência pública neste ano será em 28 de março.

“Conversamos para ajustar e coordenar nosso trabalho e coloquei o pessoal da assessoria técnica à disposição do BC. Vamos ter interlocução constante e o desejo mútuo é de trabalharmos juntos”, disse o senador em entrevista coletiva após a reunião. Ilan deixou o Senado sem falar com a imprensa.

Na agenda entre os presidentes da CAE e do BC, ficou acertado que um grupo de trabalho multipartidário com cinco senadores vai avaliar o tema spread bancário e outros itens da reforma microeconômica. Outro grupo de senadores vai avaliar o sistema tributário nacional. Os senadores desses grupos deverão ter interlocução inclusive com os diretores do BC.

Ainda na pauta entre a CAE e BC, Ilan informou ao senador que tem pressa no projeto que pretende mudar o relacionamento entre BC e o Tesouro Nacional. Atualmente, já há um projeto de lei em tramitação no Congresso sobre o tema, mas o presidente do BC sinalizou a possibilidade de que o governo poderia editar Medida Provisória com o mesmo tema “para ter circulação mais rápida”. O texto da MP teria como base o projeto do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) “com pequenas modificações”, disse Jereissati.

Questionado sobre o uso de uma MP para esse tema, o senador disse que “essa discussão depende da pressa”. “Mas o melhor sempre é que não venha por MP”, disse.

Reforma da Previdência

Segundo o senador, o presidente do BC disse que, se houver revés no processo de reforma da Previdência, poderia haver consequência “desastrosa” para o processo de estabilização da economia. Ilan também disse segundo o tucano que o juro deve continuar caindo, mas não deu detalhes.

Jereissati disse aos jornalistas que o presidente do BC entende que o cenário mais positivo para a economia seria a aprovação da reforma da Previdência. Ao senador, o presidente do BC disse que a não aprovação seria um “grande fator que iria interromper esse caminho (de estabilização) que a gente está seguindo”. O presidente do BC notou na reunião com o senador tucano que parte da comunidade financeira já precificou a aprovação do processo. Por isso, Ilan argumenta que a reversão desse quadro seria “desastrosa”, disse Jereissati.

Sobre o juro, o novo presidente da CAE disse que Ilan sinalizou que a expectativa do BC é que o juro caia. “Mas ele não disse quando nem como”, afirmou, ao comentar que a autoridade monetária avalia que a inflação está caindo “de forma consistente”.