18/10/2019 - 10:39
Greve geral e manifestações em massa: após uma nova noite violências, os separatistas de toda a Catalunha se preparavam nesta sexta-feira, em Barcelona, para o que anunciam ser o ápice de sua mobilização contra a condenação de seus líderes pela justiça espanhola.
Milhares de pessoas que partiram na quarta-feira de cinco cidades da província, com faixas e bandeiras independentistas, começaram a entrar em Barcelona para uma grande manifestação prevista para 17h00 (12h00 de Brasília).
Na metrópole catalã, onde milhares de estudantes já estão mobilizados, os efeitos da greve são claros.
A Basílica da Sagrada Família fechou suas portas em razão de um protesto, enquanto a Ópera do Liceu cancelou sua programação e a maioria dos estandes do mercado Boqueria, muito famoso entre os turistas, permaneceram fechados.
No aeroporto, 57 voos foram cancelados, segundo sua administradora Aena. E várias estradas da região foram bloqueadas nas primeiras horas da manhã, segundo fontes locais.
No quinto dia da mobilização contra as penas de 9 a 13 anos de prisão anunciadas na segunda-feira contra seus dirigentes pela tentativa de secessão em 2017, um sindicato independentista convocou esta greve geral para paralisar a região, que representa um quinto do PIB espanhol.
A montadora Seat paralisou suas atividades na fábrica de Martorell, perto de Barcelona, que emprega mais de 6.500 pessoas.
“Os prejuízos econômicos para a Catalunha já são consideráveis”, declarou a número dois do governo espanhol, Carmen Calvo.
Os distúrbios na Catalunha tambpem provocaram o adiamento da partida de 26 de outubro entre o FC Barcelona e o Real Madrid. Os clubes terão que fixzar uma nova data para o clássico.
– Novas barricadas –
Este dia de mobilização foi precedido por uma noite de violência em Barcelona.
Centenas de jovens, aos gritos de “independência”, montaram barricadas no centro da cidade e lançaram coquetéis molotov na polícia, segundo jornalistas da AFP no local.
Uma agência bancária e uma loja de roupas foram saqueadas, de acordo com a polícia regional, que disparou balas de borracha contra os manifestantes.
Terça e quarta-feira, Barcelona já havia experimentado essas cenas de guerrilha urbana após os primeiros confrontos na segunda-feira durante o bloqueio do aeroporto por cerca de 10 mil manifestantes.
Segundo a polícia, mais de 110 pessoas foram presas desde o início da semana, incluindo 16 na quinta-feira à noite. Um total de 42 pessoas ficaram feridas na região na quinta, incluindo 36 em Barcelona, segundo os serviços de emergência.
O Ministério do Interior informou o número de mais de 200 policiais feridos desde o início da violência.
Nascida da frustração de uma parte da base separatista, dois anos após o fracasso da tentativa secessionista de 2017, essa violência marca um ponto de virada para o movimento separatista, que sempre se gabou de não ser violento.
A violência “prejudica seriamente as instituições e a reputação internacional da Catalunha”, disse o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska.
Nas ruas de Barcelona, como no resto da região, a questão da independência divide. Segundo a última pesquisa publicada em julho pelo governo regional, 44% da população é a favor da independência, enquanto 48,3% é contra.