A greve de caminhoneiros, em maio, a crise econômica na Argentina, que atrapalha as exportações para lá, e a incerteza política durante o cenário eleitoral explicam, numa “combinação de fatores”, o arrefecimento do processo de recuperação da produção industrial que se desenhava na virada de 2017 para 2018, avaliou nesta terça-feira, 4, André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados da PIM de outubro, divulgados nesta terça-feira, 4, pelo IBGE, mostram a perda de ritmo. No acumulado do ano até outubro, a produção industrial nacional registrou alta de 1,8%, ante o avanço de 4,4% que se acumulou no primeiro quadrimestre, antes, portanto, dos eventos que levaram à frustração do ritmo de recuperação.

“Embora, contra 2017, a produção de 2018 vá ficar no campo positivo, possivelmente se dará numa intensidade menor do que foi no ano anterior”, afirmou Macedo.

Em 2017, a produção industrial cresceu 2,6%, após três anos seguidos de queda. Entre 2014 e 2016, a perda acumulada foi de 16,7%, nas contas de Macedo.

Se o comportamento da indústria no fim do ano passado sugeria um cenário de recuperação mais robusta, o nível atual da produção, de outubro, está 3,5% abaixo do patamar atingido em dezembro de 2017.

Com isso, o nível de produção de outubro ainda está 16,2% abaixo do pico histórico, registrado em maio de 2011. É como se o patamar atual da produção estivesse no equivalente ao de março de 2009, quando a indústria ainda estava convalidada pela crise internacional de 2008.

Dia útil a mais

A alta de 1,1% na produção industrial de outubro ante outubro de 2017 foi impactada pelo fato do décimo mês deste ano ter tido um dia útil a mais do que igual período de 2017, informou André Macedo. O pesquisador alertou ainda para o fato de que o efeito calendário influenciou no comportamento da produção de setembro também. No nono mês de 2018, a produção industrial recuou 2,2% ante setembro de 2017.