Era uma tarde abafada de 28 de setembro. Após discursar, orgulhoso, em cima de um palanque, na fábrica da Toyota localizada em Indaiatuba (SP), o peruano Rafael Chang foi ovacionado pelo público. O CEO da montadora para o Brasil havia acabado de anunciar um investimento de R$ 1 bilhão para a manutenção daquela planta. “Daqui para a frente, parte de nosso portfólio de produtos vai ser híbrido. Esse é um dos pilares de estratégia da Toyota do Brasil”, disse ele, na ocasião. A Toyota foi a primeira montadora a divulgar investimentos no País, após o anúncio do programa Rota 2030, em julho, marcando o que pode ser o início de uma nova era para o setor no Brasil. Mas também houve investimentos e negócios relevantes em outros segmentos, como a criação de duas gigantes – nascidas das fusões entre Suzano e Fibria e entre Boeing e Embraer – e novidades no setor aéreo.

A vez das montadoras

Uma das exigências do programa Rota 2030, anunciado pelo governo federal em julho, é modernizar o setor automotivo, principalmente com o desenvolvimento de carros híbridos e elétricos. Para obter benefícios tributários, as montadoras terão de dedicar um percentual de suas receitas a pesquisa e desenvolvimento. O governo decidiu jogar junto: zerou a alíquota de Imposto de Importação de carros híbridos e reduziu o IPI sobre híbridos e elétricos. Com isso, GM, Nissan, Volkswagen, Renault e BMW já anunciaram modelos que chegam às ruas em 2019.

A maior do planeta

Em novembro, Suzano e Fibria, as duas maiores produtoras mundiais de celulose, tiveram sua fusão aprovada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e publicada no Diário Oficial da União. O negócio deu origem a maior companhia do setor no planeta, com valor de mercado superior a R$ 100 bilhões. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e órgãos reguladores do Brasil, China, Estados Unidos e Turquia já aprovaram a operação.

Horizonte seguro

O governo de Michel Temer avançou em acordos de ‘céus abertos’ com diversos países. Em março, por exemplo, o Senado aprovou um projeto que retirou o limite de frequência de voos entre o Brasil e os Estados Unidos – antes fixado em 301 frequências semanais. Com o acordo, aéreas como a American Airlines, Latam e outras estrangeiras de baixo custo reforçaram
a aposta no mercado brasileiro. Em outros países, acordos similares estimularam a competição, a ampliação da oferta de voos e o barateamento dos serviços. E ao apagar das luzes de 2018, veio mais uma boa notícia para o setor. No último dia 13, Temer assinou Medida Provisória que autoriza as empresas de aviação nacionais a ter 100% de capital estrangeiro, derrubando o limite que havia, de 20%.

Potência dos ares

Na penúltima semana do ano, Embraer e Boeing anunciaram a aprovação da fusão – chamada pela estatal brasileira de “parceria estratégica” – das companhias, para combinação de ativos na área de aviação comercial. Para ter participação de 80% na joint venture, a Boeing pagará US$ 4,2 bilhões, considerando que o valor de mercado da Embraer está avaliado em US$ 5,2 bilhões. Na ocasião, a estatal divulgou que o negócio está sujeito à aprovação do Governo Brasileiro e, em seguida, será submetido às autoridades regulatórias e aos acionistas.