Mais de cem das principais empresas do Brasil fizeram nesta segunda-feira (27) um apelo ao governo do presidente Jair Bolsonaro, pedindo maior envolvimento nas negociações sobre o clima, a um mês da COP26 em Glasgow, no Reino Unido.

“O Brasil deve buscar o protagonismo nas negociações de clima”, declararam as empresas em carta aberta publicada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que reúne companhias que representam 47% do PIB do país.

“O Brasil deve manter a sua centralidade nesse diálogo, sob pena do enorme prejuízo ao setor produtivo e à sociedade brasileira”, destaca o texto, apoiado por grandes bancos como o Bradesco; o maior exportador de carnes, a JBS; e filiais no Brasil de multinacionais como Amazon, Shell e Carrefour.

O governo de Bolsonaro é muito criticado por sua política ambiental, principalmente pelo aumento do desmatamento desde que assumiu o poder em 2019 e por ter enfraquecido os órgãos de controle ambiental.

As empresas exigem a “adoção de mecanismos de financiamento para a promoção da transição climática e o combate integral e inequívoco ao desmatamento ilegal da Floresta Amazônica e de outros biomas brasileiros”.

O país “tem vantagens comparativas extraordinárias na corrida para alcançarmos uma economia de emissões líquidas de carbono neutras, valendo-nos dos nossos múltiplos recursos naturais e da capacidade de nosso povo”, acrescenta o texto.

O movimento mundial em direção a uma economia de mais respeito ao meio ambiente representa “uma oportunidade única” para o Brasil.

Na semana passada, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, Bolsonaro afirmou que o “futuro do emprego verde” está no Brasil, com “energia renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo”.

Por ocasião da COP26, o presidente anunciou que seu governo tentará buscar “consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global”.

As empresas signatárias defendem que sejam adotadas “práticas de transparência” no Brasil para assegurar “a qualidade ambiental e integridade dos créditos de carbono a serem comercializados”.