Grandes empresas e instituições financeiras com maior potencial para combater o desmatamento global agem sem levar em conta as promessas de proteção das florestas feitas na COP26 do clima, indicou um estudo publicado nesta quinta-feira (13).

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A ONG Global Canopy revisou os dados de 350 empresas acusadas de serem as maiores responsáveis pelo desmatamento, direta ou indiretamente. Alem disso, analisou 150 bancos, fundos de investimento e de pensão que financiam essas empresas.

De acordo com essa análise, uma em cada três empresas estudadas não se comprometeu a proteger as florestas e 72% delas têm algum objetivo, mas que não se estende a todos os seus produtos ou atividades relacionadas ao desmatamento.

Algumas empresas têm metas para produtos específicos, principalmente soja, carne bovina ou couro, mas “não fornecem evidências de como vão lançá-las”.

“Pouquíssimas empresas reconhecem os riscos climáticos causados pelo desmatamento e menos ainda incluem sua cadeia de suprimentos nas avaliações”, disse à AFP Niki Mardas, da organização Global Canopy.

Cargill, Colgate-Palmolive, Nestlé, Unilever e PepsiCo foram as empresas com avaliação mais favorável, enquanto cerca de 60 empresas, muitas delas da China, Brasil e Argentina, receberam a menor pontuação possível.

Se analisadas as entidades financeiras, 93 das 150 analisadas não possuem uma política de desmatamento que cobre as empresas e investimentos mais dependentes de projetos que afetam as florestas.

Apenas cerca de vinte bancos ou empresas de investimento têm uma política para analisar os avanços no desmatamento.

“Reduzir a agricultura que incentiva o desmatamento para reduzir as emissões em dois e reparar a destruição da biodiversidade até 2030 não é uma opção, mas uma necessidade para empresas comprometidas com a credibilidade da neutralidade de carbono”, comentou Nigel Topping, ex-presidente da ONG sobre o clima We Mean Business.

“Sem isso, não seremos capazes de limitar o aquecimento a 1,5°C” em comparação com a era pré-industrial.