A Grande Barreira de Corais sofre um novo episódio de branqueamento “generalizado”, devido às altas temperaturas nas águas do nordeste da Austrália que ameaçam este Patrimônio da Humanidade – disseram autoridades nesta sexta-feira (18).

“Detectou-se branqueamento ao largo do Parque Marinho. É generalizado, mas variável, em múltiplas regiões, oscilando de um impacto menor a severo”, disse a Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Corais.

Na semana passada, as temperaturas nesta área ficaram entre 0,5ºC e 2ºC acima da mediana. Em algumas áreas mais ao norte, ou próximas da costa, as temperaturas foram de 2ºC a 4ºC graus acima do normal.

“Os recifes mais duramente impactados se encontram perto da região de Townsville. Também houve relatos de mortalidade precoce onde o estresse térmico foi maior”, observou o órgão.

A notícia surge antes de uma viagem de representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) ao recife, para inspecionar a saúde deste ecossistema de 2.300 quilômetros de extensão. Meses atrás, a agência da ONU ameaçou classificá-lo como patrimônio em perigo.

O fenômeno de branqueamento é causado pelo estresse térmico dos corais, devido ao aumento das temperaturas. Este aumento leva-os a expulsar as algas que vivem em seus tecidos e que dão a eles suas características cores brilhantes. Desde 1997, houve cinco desses episódios.

Além disso, a Grande Barreira de Corais foi atingida por ciclones extremos e por surtos de estrelas-do-mar acanthaster roxas, que comem corais.

Embora essas mudanças ainda não sejam classificadas como um fenômeno de branqueamento em massa, a Sociedade pela Conservação Marinha Australiana classificou-as como “notícias desastrosas”.

“Isso mostra a pressão consistente, sob a qual nosso recife se encontra com o aquecimento global”, disse sua diretora de campanhas, Lissa Schindler.

“Um recife saudável pode se recuperar do branqueamento de corais, mas previsa de tempo. Ondas de calor mais frequentes (…) significam que não tem este tempo”, acrescentou.

No início do ano, o governo conservador australiano anunciou um programa de US$ 700 milhões para proteger a Grande Barreira de Corais e evitar que seja retirada da lista de Patrimônio Mundial da Unesco.

Ao mesmo tempo, porém, o Executivo é acusado por organizações ambientalistas de não agir com convicção suficiente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no país, um dos maiores exportadores mundiais de gás e carvão.