Na manhã de quinta-feira 6, a sede da Gradual Investimentos, em São Paulo, e a residência de diretores da empresa foram alvo da Polícia Federal. A Operação Papel Fantasma apura crimes contra o sistema financeiro envolvendo a aquisição de debêntures (títulos de dívida de uma empresa) sem lastro por fundos de investimentos, que têm como cotistas institutos de previdência municipais. Nessa operação, a suspeita é de uma fraude na emissão de um título de R$ 30 milhões, que foi adquirido por seis institutos. “A investigação está no início, mas o prejuízo é de centenas de milhões de reais para os institutos de previdência”, diz o delegado Victor Hugo Rodrigues Alves, chefe da unidade de combate à corrupção e ao crime contra o sistema financeiro da PF. “O dinheiro dos servidores estava sendo desviado para títulos que jamais seriam honrados.”

Gravação: vídeo exclusivo no site da DINHEIRO mostra a conversa entre a Gradual e a Incentivo (Crédito:Divulgação)

A Operação Papel Fantasma, um desdobramento da Operação Naum, que aconteceu há duas semanas no Tocantins e desarticulou uma fraude contra o instituto de previdência Igeprev, confirma a capa da edição 1.022 da DINHEIRO. A reportagem mostrava como a Gradual emitiu e distribuiu a debênture ITSY11 para fundos de investimento. Uma das prejudicadas foi a Incentivo Investimentos, que fez a denúncia às autoridades. A gestora tinha como cotista os municípios paulistas de Osasco, Porto Ferreira, São Sebastião, Jandira entre outros.

A emissora desse título é a ITS@ Tecnologia, que pertence a uma empresa que tem como sócios Fernanda de Lima e seu marido e sócio, Gabriel Paulo Gouvêa de Freitas Júnior. À época da emissão, o capital social dessa companhia era de apenas R$ 10 mil. “É comum criar empresas de fachada de tecnologia, tanto pela possibilidade de dizer que é uma startup como pela expectativa de lucro”, afirma o delegado Rodrigues Alves, que conta com a ajuda da Superintendência Nacional de Previdência Complementar. No mesmo dia da Operação, DINHEIRO publicou no site, com exclusividade, um vídeo que mostra Fernanda explicando aos sócios da Incentivo como seria feita a retirada da debênture do fundo.

Em nota à imprensa, a Gradual afirma que a Operação faz parte de procedimento padrão da PF e se colocou à disposição das autoridades. “Essa operação é resultado das falsas acusações e ações de denuncismo orquestrados nos últimos meses pela gestora de fundos Incentivo e pelo escritório Chiarottino & Nicoletti Advogados, que já são alvos de ações cíveis e criminais ajuizadas pela Gradual”. A Incentivo, por meio de nota, diz que “em vez de responder às acusações de diversos organismos de fiscalização do mercado, a Gradual investe contra suas vítimas que, legitimamente, lutam para recuperar seus recursos desviados pela corretora”.