SÃO PAULO (Reuters) – O GPA manterá a estratégia para as bandeiras Pão de Açúcar e Extra, após queda nas vendas no Brasil no segundo trimestre, avaliando que o período foi “atípico” e diante da expectativa de que terá recuperação gradual no segundo semestre.

A ação da empresa liderava perdas do Ibovespa nesta quinta-feira, recuando 4,9% às 12h49, enquanto o índice cedia 0,6%.

Na véspera, o GPA divulgou que seu lucro quase zerou no segundo trimestre, além de queda de 12,6% nas vendas mesmas lojas, sem considerar drogarias e postos de combustíveis, sobre o mesmo período de 2020. Excluindo os efeitos de medidas de isolamento social, o número seria de alta de 0,2%.

“O sofrimento de vendas do Pão de Açúcar no segundo trimestre foi pontual”, disse o presidente-executivo do GPA, Jorge Faiçal em teleconferência com analistas. “O principal motivo da queda do neste trimestre foi evasão de consumidores que estão buscando locais mais baratos”, acrescentou.

Segundo ele, a expectiva é de recuperação gradual no terceiro trimestre, que deve continuar no fim do ano. “Vemos melhoria macroeconômica gradual no país nos próximos trimestres e o Pão de Açúcar, com a recuperação da renda e redução do desemprego, vai voltar a crescer”, disse Faiçal.

“Teve migração (de consumidores) para Cash&Carry (atacarejo), o Pão de Açúcar compensou uma parte com crescimento em digital. Isso nos preocupa, mas é temporário”, disse Faiçal.

O grupo de atacarejo Assaí divulgou na terça-feira alta de 62% no lucro líquido do segundo trimestre e crescimento de vendas mesmas lojas de 9,2%. Ambas as empresas são controladas pelo francês Casino.

No formato hipermercado, o GPA também manterá a estratégia que tem implementado nos últimos meses, de redução dos preços dos produtos. Faiçal, porém, afirmou que o objetivo não é transformar a bandeira em atacarejo, formato que vinha impulsionando o grupo até a cisão do Assaí mais cedo neste ano.

Faiçal afirmou que “hipermercado caro é hipermercado morto” e que 58 lojas da bandeira Extra já tiverao reposicionamento de preços. Segundo o executivo, as lojas já remodeladas estão ganhando participação de mercado em alimentos, embora as categorias de não alimentos ainda estejam sofrendo recuo.

Em outras iniciativas, a parceria do GPA com o Mercado Livre “vai indo muito bem”, disse Faiçal, acrescentando que o GPA pretende ampliar o número de centros de distribuição e de categorias de produtos vendidos no marketplace do parceiro. Atualmente, a parceria envolve apenas um centro de distribuição em São Paulo e cerca de mil produtos.

A oferta de ações da empresa de comércio eletrônico Cnova, na qual o GPA tem prioridade de 90% do valor da tranche secundária, segue nos planos e pode ocorrer até o final do ano “dependendo das condições do mercado, disse o vice-presidente financeiro do GPA, Guillaume Gras. A oferta da Cnova envolve cerca de 300 milhões de euros.

(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de Aluísio Alves)

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