Com 39 deputados e 24 senadores na lista dos políticos que serão investigados com base nas delações da Odebrecht, o Congresso tenta retomar os trabalhos nesta terça-feira, 18. A orientação do presidente Michel Temer é que os parlamentares mantenham o clima de normalidade e deem seguimento à pauta econômica. A semana está sendo vista como um teste para o governo após as novas revelações da Operação Lava Jato, que atingem também oito ministros.

Nesta terça, a agenda legislativa começa cedo. Às 8h30, Temer recebe os deputados da base no Palácio da Alvorada para discutir a reforma da Previdência. A ideia é que o parecer do relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), seja lido na comissão especial da Câmara que discute o tema já no início da tarde. Os líderes do Senado também terão uma reunião com o presidente.

Além da Previdência, a pauta da Câmara de amanhã inclui ainda outras duas matérias que interessam ao governo: a votação do projeto de socorro aos Estados em crise financeira e de um requerimento de urgência para garantir que a reforma trabalhista tramite com mais celeridade na Casa.

“Estou otimista. A palavra de ordem é debater e votar. Votar, votar e votar”, disse o líder da maioria na Câmara, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES).

Segundo o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), na reunião que teve com alguns parlamentares no domingo Temer fez um apelo aos aliados para que eles não deixassem a Lava Jato paralisar os trabalhos no Congresso. “Temos de cumprir essa pauta para mostrar que o Executivo e o Legislativo estão funcionando”, afirmou.

Integrantes da própria base, porém, acreditam que o governo terá dificuldades em aprovar as medidas que estão na pauta e que, mesmo após as mudanças no texto da Previdência, o projeto deverá sofrer resistência quando vier ao plenário. “Esta semana será um bom teste para o governo. As votações dessas matérias darão o termômetro da base”, disse o deputado Rogério Rosso (PSD-DF).

Oposição

O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), disse que a oposição vai continuar fazendo obstrução às votações para tentar impedir a aprovação dos projetos que interessam ao governo.

Ele criticou a postura dos líderes da base aliada de ignorar o impacto político das delações e dar continuidade à pauta do governo. Para o petista, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deveria se posicionar institucionalmente contra a divulgação da lista dos políticos que foram delatados pelos ex-executivos da Odebrecht. Tanto Zarattini quanto Maia serão alvos de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF).

“O presidente da Câmara precisa reagir. A impressão que a gente tem é que se está fazendo uma ação política contra o Congresso. Se tem tudo isso para apurar, então vamos apurar. Mas nunca poderia ter sido feita uma divulgação como a que foi feita. Está havendo um escracho do Congresso Nacional e vamos pagar caro, porque vai reduzir o espaço democrático do País”, disse.

O líder petista também criticou o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele avalia que os dois generalizaram as acusações e colocaram todos os políticos no mesmo patamar. “Parece que houve, da parte da promotoria e do próprio ministro Fachin, uma tentativa de jogar uma situação de grande calamidade pública como se todos aqui, todo o Parlamento, fosse constituído de pessoas que fazem atividades irregulares, que são corruptas, o que não é absolutamente verdade”, afirmou.