RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) -Uma solução apresentada pelo governo para mitigar aumentos de custos de energia, incluindo impactos para o setor de distribuição de eletricidade, passa por um financiamento com pool de bancos, que poderia envolver o BNDES, disse a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) nesta quinta-feira.

O setor de distribuição de energia, governo e órgãos do setor elétrico vinham avaliando como enfrentar um descasamento financeiro entre as receitas obtidas com as bandeiras tarifárias e os custos com o maior acionamento de termelétricas para lidar com a crise, diante do pior período úmido nas áreas das hidrelétricas em mais de 90 anos.

“Estas soluções buscam atender às demandas que foram apresentadas nas últimas semanas, pela Abradee, no sentido de que a elevação dos custos que superam as receitas trazidas pela bandeira de escassez hídrica possa ser minimizada para os consumidores do mercado regulado (70% do mercado total)”, disse a associação em nota.

Em comunicado, a Abradee afirmou ainda que sua diretoria se reuniu na tarde desta quinta-feira com membros da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e dos Ministérios de Minas e Energia e da Economia para tratar das soluções sobre o tema.

“A solução apresentada pelo MME (Ministério de Minas e Energia) é a da realização de uma operação de financiamento, com a participação do BNDES e um pool de bancos privados, que poderá ser concluída até o início do próximo ano”, afirmou.

“O MME já deverá iniciar, na próxima semana, as discussões com essas instituições financeiras.”

Segundo a Abradee, os valores desta operação ainda não foram fixados e devem ser estabelecidos nos próximos dias.

Em nota nesta tarde, o Ministério de Minas e Energia disse que o governo está analisando possíveis soluções que visam atenuar o descasamento observado entre as receitas e as despesas. E que, entre as opções estudadas, está uma operação de crédito nos moldes da “Conta Covid”, que movimentou bilhões de reais para aliviar as distribuidoras, diante do impacto da pandemia.

Conforme a secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, o governo está preocupado com o consumidor.

“Estamos avaliando diversas alternativas, mas sempre com o cuidado de manter a tarifa de energia adequada à capacidade de pagamento do consumidor brasileiro”, comentou em nota a secretária.

Segundo o ministério, o dimensionamento da operação ainda está em avaliação em conjunto com a reguladora Aneel.

(Por Marta Nogueira e Roberto SamoraEdição de Maria Pia Palermo)

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