Uma delegação do Ministério do Turismo visitou Angra dos Reis, litoral sul fluminense, para fazer um levantamento de ações necessárias ao desenvolvimento do potencial turístico da região. A visita, na semana passada, foi a primeira ação do governo na área, onde o presidente Jair Bolsonaro declarou querer uma “Cancún brasileira”. Para isso, ele já falou em revogar a criação da Estação Ecológica de Tamoios. O ministro Marcelo Álvaro Antônio tem prevista para hoje reunião com o presidente, para apresentar o plano, avaliado em R$ 1 bilhão.

O grupo identificou cerca de 40 ações necessárias para estimular o turismo.

Entre elas estão duplicar a BR-101 no acesso ao município; construir um complexo turístico na Marina de São Bento para valorizar o centro da cidade; reativar um trem de passageiros que servia à região; construir uma usina de dessalinização da água; criar estações de tratamento de esgoto; ampliar a pista do aeroporto local, com a construção de um novo terminal de passageiros.

“Estamos levantando tudo o que é necessário em termos de infraestrutura, da nossa visão turística e do meio ambiente para colocar Angra entre os maiores destinos do mundo”, afirmou o secretário executivo da pasta, Daniel Nepomuceno, à imprensa local, na sexta.

Para o prefeito de Angra, Fernando Jordão (MDB), a proposta não deverá ter impacto ambiental – temor já levantado por ambientalistas. A região tem várias áreas protegidas. Foi por isso que Ilha Grande, juntamente com Paraty, foi eleita Patrimônio da Humanidade da Unesco em julho na categoria de sítio misto (cultural e natural).

Na região de Tamoios, Bolsonaro foi multado em R$ 10 mil em 2012, quando era deputado. Estava em um barco com material de pesca, prática vetada na região. Negou irregularidades e recorreu. No fim de 2018, o Ibama anulou a multa, depois que a Advocacia-Geral da União alegou falta de amplo direito de defesa, e reiniciou o processo. A punição prescreveu em 2019.

Além de problemas de saneamento e infraestrutura, dados do Instituto de Segurança Pública revelam alta de 51% nos homicídios dolosos em Angra em 2018. As quadrilhas migraram para o interior após a criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio.

Cuidados

Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio, Alfredo Lopes disse que iniciativas para o turismo são bem-vindas, mas que muitas ilhas de Angra já estão saturadas, justamente pela falta de infraestrutura para receber visitantes. “Um movimento enorme de lanchas e saveiros, milhares de visitantes em praias que não têm um banheiro, um salva-vidas, nada”, afirmou.

“As pessoas querem ir para ver ilhas paradisíacas, a água transparente. Não podemos destruir isso. Tem de ser tudo muito bem planejado ou nossa Cancún vai virar um pesadelo.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.