A polícia francesa liquidou nesta quinta-feira Chérif Chekatt, o suposto autor do atentado no famoso mercado natalino da cidade francesa de Estrasburgo, que segundo um site jihadista era um “soldado” do grupo Estado Islâmico (EI).

O homem foi abatido no bairro de Neudorf, em meio a uma grande operação policial, revelou uma fonte ligada ao caso.

Chérif Chekatt “atirou contra uma equipe da polícia, que respondeu” ao fogo, disse à AFP um oficial.

Tentaram detê-lo mas “ele virou e enfrentou os funcionários da polícia atirando. Responderam imediatamente e neutralizaram o agressor”, precisou o ministro do Interior, Christophe Castaner.

O homem foi interpelado por volta das 20H00 GMT (18H00 Brasília) por três agentes da polícia quando andava pela rua, declarou Castaner.

Segundo a agência de propaganda Amaq, do EI, Chérif Chekatt “fazia parte dos soldados do Estado Islâmico e realizou esta operação respondendo ao chamado para atacar cidadãos da coalizão internacional” que combate o EI na Síria e no Iraque.

“Obrigado ao conjunto dos serviços envolvidos: policiais, guardas e militares. Nosso compromisso contra o terrorismo é total”, tuitou o presidente francês, Emmanuel Macron.

A morte do atirador foi resultado de uma grande operação, que incluiu membros da força de intervenção de elite RAID e bloqueou várias ruas do bairro de Neudorf, no sul de Estrasburgo, onde Chekatt cresceu.

De carro, o bairro fica próximo ao centro de Estrasburgo, onde Chérif Chekatt, de 29 anos, matou três pessoas e feriu outras cinco gravemente na terça-feira.

Na noite de terça-feira, Chekatt entrou no centro histórico de Estrasburgo, onde ocorria um mercado de Natal, e atirou contra as pessoas.

Com uma arma de fogo e um fuzil, Chekatt trocou tiros com as forças de segurança e foi ferido no braço, antes de escapar em um táxi.

As autoridades publicaram na quarta-feira a foto do atirador, que tinha antecedentes penais importantes: 27 condenações em quatro países europeus por diversos crimes.

Uma quinta pessoa foi detida nesta quinta-feira para ser interrogada, além dos pais do suspeito e dois irmãos que estão presos desde a última quarta-feira.

O presidente francês Emmanuel Macron expressou “a solidaridade de todo o país” com as vítimas ao chegar a uma cúpula europeia em Bruxelas.

“Não somente a França foi atacada, como também uma grande cidade europeia”, acrescentou. Estrasburgo acolhe a sede do Parlamento Europeu.

– Pedido aos coletes amarelos –

A operação policial aconteceu em meio a apelos na França para que os “coletes amarelos” não se manifestassem no sábado, diante dos esforços da polícia para encontrar Chekatt.

O porta-voz do governo francês, Benjamin Griveaux, pediu aos manifestantes “que sejam razoáveis e não protestem”.

O governo “ouviu e respondeu à revolta” expressada nos protestos, completou Griveaux, em referência às medidas anunciadas na segunda-feira pelo presidente Emmanuel Macron para aumentar o poder de compra dos assalariados e aposentados mais pobres.

“Não é razoável se manifestar, porque as forças de segurança foram muito mobilizadas nas últimas semanas e, depois do atentado de Estrasburgo, seria desejável que cada um pudesse ter um sábado tranquilo, antes das festas de família de fim de ano, ao invés de protestar e mobilizar novamente as forças de segurança”, disse o porta-voz.

“Podemos ver a extrema fadiga dos policiais”, ressaltou, por sua vez, o chefe do sindicato CFDT, Laurent Berger, dizendo que “seria de bom tom não sobrecarregar os agentes”.

– Europa mobilizada –

A busca por Chekatt foi complicada devido a localização de Estrasburgo, que fica no centro da Europa ocidental. Dessa cidade se pode chegar facilmente a Alemanha, Suíça, Bélgica e Luxemburgo de carro ou de trem.

A Suíça, 130 quilômetros ao sul de Estrasburgo, reforçou suas medidas de segurança na fronteira. Mesma medida adotada pelas autoridades italianas, que optaram por “reforçar ao máximo os controles preventivos”, especialmente em locais frequentados por muitas pessoas.

Em dezembro de 2016, o tunisiano Anis Amri, que deixou 12 mortos e 48 feridos em um ataque no mercado de Natal de Berlim, foi morto alguns dias depois, durante um controle policial em Milão. Mas, ao contrário de Amri, que esteve na Itália, ainda não foi estabelecida nenhuma ligação entre Cherif Chekatt e este país.

Nascido em Estrasburgo e fichado por sua radicalização islâmica, Cherif Chekatt, de 29 anos, tinha uma longa ficha criminal, com 67 registros, incluindo 27 condenações na França, Alemanha e Suíça por crimes de direito comum.

O mercado de Natal de Estrasburgo, que atrai dois milhões de turistas todos os anos, foi reaberto na noite desta quinta-feira.