O governo socialista espanhol aprovou nesta quarta-feira uma reforma trabalhista que pretende incentivar a criação de empregos, anunciou a vice-presidente María Teresa Fernández de la Vega.

O executivo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero aprovou a reforma – destinada a combater o desemprego, que atinge 20% da população, e flexibilizar o mercado de trabalho – por decreto de lei depois que fracassaram as negociações com sindicatos e empresários para chegar a um acordo.

Na véspera, os principais sindicatos espanhois, a UGT e o Comissões Operárias, convocaram uma greve geral para 29 de setembro, a primeira enfrentada pelo governo Zapatero.

À alta taxa de desemprego na Espanha, o dobro da média da Eurozona, se somam os cortes de empregos pelo processo de fusão das caixas econômicas espanholas visando a baixar os custos, e que poderão afetar de 15 a 20% de seus trabalhadores, ou seja, entre 12.000 e 30.000 empregados, segundo a imprensa espanhola.

Isso sem falar da preocupação existente quanto à dívida das entidades bancárias.

A reforma trabalhista é, junto com o plano de economia pública, uma das medidas do governo socialista para fazer frente à crise econômica e a fragilidade das finanças na Espanha, que precisa reduzir um déficit de 11,2% do PIB e uma elevada dívida das entidades privadas.

O executivo, que acaba de aprovar um duro plano de ajuste para baixar esse déficit e que implica a redução do salário dos funcionários, tomou essa segunda medida enquanto prosseguem os rumores sobre as dificuldades financeiras do país e a Comissão Europeia continua pedindo mais sacrifícios.

Depois que nos últimos dias a imprensa alemã difundiu que um plano de resgate financeiro está sendo preparado para Espanha, como aconteceu com a Grécia, o jornal espanhol El Economista publicou nesta quarta que a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) preparam um plano de resgate para a Espanha de 250 bilhões de euros,

“Técnicos da UE, do FMI e do Tesouro dos Estados Unidos estão elaborando um plano de liquidez para a Espanha, fórmula mais suave que o plano de resgate utilizado para a Grécia”, segundo o jornal, que cita fontes próximos FMI e empresários.

Este plano “incorporará ajudas financeiras, em forma de uma linha de crédito, num valor entre 200 e 250 bilhões de euros, frente aos 110 bilhões que foram destinados à Grécia”, detalha a publicação.

A decisão de elaborar este plano poderá ser tratado numa reunião extraordinária e secreta do organismo diretor do FMI, que foi convocada exclusivamente para falar sobre a situação econômica, acrescentou o jornal.

A Comissão Europeia, no entanto, classificou essas notícias de “lixo”.

“Nego que este tipo de histórias mais uma vez”, declarou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, considerando o artigo publicado peo jornal El Economista de “lixo”.

A ministra espanhola da Economia, Elena Salgado, também desmentiu a informação.

“A Espanha é um país solvente, sólido, forte e com crédito internacional”, enfatizou Zapatero.

O plano de ajuste espanhol pretende baixar o déficit poupando 5 bilhões de euros este ano e 10 bilhões em 2011, mas a Comissão Europeia pediu na terça-feira que “especifique” as medidas que incluirá nos orçamentos de 2011, nos quais pediu que poupem 1,75% do PIB.

Segundo o jornal El País, essas medidas corresponderiam a uma economia de 8 bilhões (0,75% do PIB).

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