O governo da República do Congo e os rebeldes da província de Pool fecharam ontem (23) um cessar-fogo para acabar, pelo menos temporariamente, com a crise iniciada em abril de 2016 e com a escalada da violência na região, principalmente nos arredores da província da capital do país, Brazzaville, segundo a imprensa local. As informações são da Agência EFE.

O acordo foi assinado por representantes do Executivo e do líder dos rebeldes, o reverendo Ntumi, cujo nome real é Frédéric Bintsamou. Entre as cláusulas negociada se destacam o compromisso dos rebeldes de facilitar a entrega às autoridades das armas que atualmente estão em seu poder e a promessa de não impedir um restabelecimento da autoridade do governo em Pool.

O Executivo se compromete a ajudar na reinserção social e profissional dos combatentes, conhecidos como ninjas, reduzir a presença militar na região e garantir a livre circulação de pessoas e mercadorias.

Impunidade

O acordo, no entanto, não significa impunidade para o reverendo Ntumi, que tem contra si uma ordem de busca e apreensão. Representando o líder na assinatura do acordo, Jean Gustave Ntondo informoucou que “não haverá mais pressa, já que o acordo levou tudo em conta. Ninguém deve impedir que os combatentes ninjas saiam e vivam em lugares dispostos para eles”.

A aplicação do pacto será supervisionada por um Comitê criado especialmente para isso.

A violência na República do Congo cresceu em abril de 2016, após confirmada a vitória eleitoral do presidente Denis Sassou Nguesso, que acumula décadas de poder no país. O pleito foi marcado por denúncias de fraude.

Nguesso chegou ao poder na República do Congo em 1979, alçado pelos militares, e ocupou o cargo até 1992, quando perdeu nas primeiras eleições multipartidárias do país.Voltou ao poder em 1997, após uma curta, porém sangrenta guerra civil, na qual foi apoiado por tropas angolanas. Desde então, Nguesso vem se mantendo no poder após ganhar as eleições em 2002 e ser reeleito em 2009 e 2016.

Os incidentes provocaram o deslocamento de milhares de pessoas, a interrupção da atividade agrária em Pool, uma das regiões mais férteis do país, e a destruição de várias aldeias e infraestruturas.

Os Ninjas tinham assinado acordos em 2003 com o Executivo para abandonar as armas, depois de anos de guerras e atos insurgentes que têm sua origem nos anos 1990.