Governo e rebeldes sudaneses assinarão no sábado um acordo de paz histórico concluído em agosto, que encerrará 17 anos de guerra e dará início a uma nova era neste país muito pobre, apesar das muitas dúvidas sobre como será aplicado.

A cerimônia acontecerá em Juba, capital do Sudão do Sul, cujos líderes lutaram durante 40 anos contra os de Cartum, antes de obter sua independência em 2011, depois de uma guerra que deixou dois milhões de mortos e quatro milhões de deslocados.

As autoridades de Cartum – um conjunto de civis e militares que governam juntos desde que um movimento popular derrotou Omar al-Bashir em 2019 – fizeram desta paz com os rebeldes uma prioridade.

“É um dia histórico. Esperamos que este acordo encerre para sempre os combates e abra o caminho do desenvolvimento”, afirmou à AFP Suleiman al Dabailo, membro da comissão governamental pela paz.

“O acordo foi aceito por todos os movimentos rebeldes exceto dois e esperamos que a assinatura os anime a se juntar ao processo, porque o acordo aborda os problemas de maneira realista e, se aplicado ao pé da letra, levará à paz”, acrescentou.

A comunidade internacional aplaudiu este acordo de paz, que levou mais de um ano de negociações.

O acordo estipula que os movimentos armados terão que ser desmantelados e que seus combatentes terão que se unir ao exército oficial, que se reorganizará para ser representativo de todos os componentes do povo sudanês.

“Este dia significa o sucesso de nossa revolução e de nosso combate contra o antigo regime. O acordo remonta à origem de nossa crise e abre o caminho para a democracia”, declarou à AFP Ossama Said, da Frente Revolucionária Sudanesa (FRS).

O caminho, no entanto, terá vários obstáculos, principalmente referentes ao futuro dos grupos que não assinaram o documento. “Uma parte dos pontos do acordo pode ficar apenas no papel”, alertam os especialistas.