O governo do Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência ambiental devido aos incêndios incontroláveis que devastam o Pantanal. Segundo o Estado, só no município de Corumbá o fogo já destruiu 300 mil hectares de vegetação nativa. A fumaça densa e o baixo nível das águas levou à suspensão, nesta sexta-feira, 24, da navegação pelo Rio Paraguai, em razão do risco para as embarcações. Conforme o decreto, a medida se impõe também pela emissão “de altíssimos índices de fumaça que prejudicam ainda mais a saúde da população, já em emergência devido à covid-19”.

O secretário de meio ambiente Jaime Verruck disse que o Estado precisa do apoio de aeronaves para combater os grandes focos de incêndio que se propagam sem controle. “Estamos com queimadas muito próximas da cidade de Corumbá e há risco para a população. Temos uma situação grave com a maior seca dos últimos 30 anos afetando também a navegação e a exportação de minérios e grãos.” As queimadas já autorizadas para manejo agrícola foram suspensas. “Não é um fogo espontâneo, é devido à ação humana e tem vindo principalmente de ribeirinhos e da margem de estradas”, afirmou.

O governo estadual entrou em contato com os ministérios da Defesa e do Meio Ambiente pedindo o apoio de aeronaves. “Solicitamos um helicóptero do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e pedimos também uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) do tipo Hércules, própria para levar equipes e equipamentos para o combate ao fogo”, explicou o secretário. Também foi solicitado um segundo helicóptero ao Comando Militar do Oeste para apoiar as equipes que combatem as chamas. “Estamos preocupados, pois a estiagem deve se prolongar até novembro. Precisamos de apoio para combater os incêndios no Pantanal e proteger a flora e a fauna.”

Conforme o titular da pasta, os dois ministérios já deram retorno de que irão apoiar as ações de combate ao fogo. O Pantanal abrange áreas do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, no Brasil, além de territórios da Bolívia e do Paraguai. Na porção norte do bioma, no Mato Grosso, a situação também é dramática, com aumento de mais de 530% nas queimadas no primeiro semestre deste ano. Em todo o bioma, desde o início do ano, foram registrados 3,5 mil focos de incêndio, maior número desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) passou a monitorar as queimadas.