O governo do primeiro-ministro britânico Boris Johnson foi criticado nesta terça-feira (13) após a descoberta de que ignorou, há três semanas, o conselho dos cientistas de impor um breve confinamento para frear os contágios de covid-19, cuja segunda onda afeta o país atualmente.

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Publicada na noite de segunda-feira, a ata de uma reunião do Grupo de Assessores Científicos para Emergências (SAGE) mostra que os cientistas recomendaram em 21 de setembro a aplicação de um novo confinamento de uma, ou duas, semanas para “romper o circuito” das transmissões.

Também aconselhou a aplicação “imediata” de medidas como o fechamento de bares e restaurantes, a proibição de receber outras pessoas em casa e que todas as aulas universitárias acontecessem on-line.

O governo Johnson esperou até a segunda-feira de 12 de outubro para impor um novo sistema de restrições em três níveis, no qual apenas o último implicará fechamentos de restaurantes. No momento, a medida extrema é aplicada apenas na região de Liverpool, que registra a média de 600 casos de covid-19 para cada 100.000 habitantes.

“Não tenho confiança, ninguém tem confiança, de que as medidas para o nível três sejam suficientes para controlar o vírus”, advertiu o principal assessor médico da Inglaterra, Chris Whitty, ao comparecer a uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro.

A declaração provocou um alerta, e a situação de crise se aprofundou nesta terça-feira.

“Fiquei bastante alarmado quando vi a ata do SAGE durante a noite”, declarou ao canal de televisão BBC o porta-voz do opositor Partido Trabalhista para questões de saúde, Jonathan Ashworth.

Johnson “sempre afirma que atua de acordo com a ciência, mas evidentemente rejeitou recomendações científicas importantes”, criticou.

Com o maior número de mortes por covid-19 da Europa, quase 43.000, o Reino Unido se esforça para evitar um segundo confinamento de catastróficas consequências econômicas, após a histórica recessão provocada pelo primeiro confinamento.

“O primeiro-ministro tem que encontrar um equilíbrio, protegendo a vida das pessoas (…) ao mesmo tempo em que preserva coisas que nos importam como a educação, manter o maior número possível de empregos e garantir que outros riscos para a saúde, como a saúde psicológica e outras doenças, não sejam descuidados como resultado de um segundo confinamento”, afirmou nesta terça-feira o ministro de Comunidades Locais, Robert Jenrick, à rádio BBC.

Alguns parlamentares do Partido Conservador de Johnson criticaram as restrições impostas com o novo sistema em três níveis, por considerá-las muito duras.