A Grã-Bretanha remodelará seu sistema de regulação financeira dando novos poderes ao Banco da Inglaterra (BoE) e eliminando a autoridade reguladora dos mercados (FSA), acusada de ineficiência durante a crise financeira.

O novo ministro das Finanças, o conservador Georges Osborne, anunciou em um discurso na noite de quarta-feira que o Banco da Inglaterra terá competência para regular entidades financeiras individuais, além de suas atribuições para supervisionar o estado geral da economia.

A Autoridade de Serviços Financeiros (FSA, da sigla em inglês), duramente criticada por não ter previsto a devastadora crise, desaparecerá, e seus poderes serão divididos entre o BoE e dois órgãos que serão criados.

Esses dois organismos, que serão criados dentro do BoE, ficarão encarregados de vigiar as ameaças à estabilidade econômica e financeira e proteger os consumidores.

Osborne anunciou assim o fim do atual sistema tripartite – mediante o qual o BoE, a FSA e o Ministério das Finanças repartiam as competências de regulação financeira – criado em 1997 pelo então ministro das Finanças trabalhista e posteriormente primeiro-ministro, Gordon Brown.

Em uma entrevista dada nesta quinta-feira à rádio BBC, o ministro das Finanças declarou que o antigo sistema não permitiu que ninguém tomasse “decisões importantes” com a aproximação da crise financeira.

Ele citou como exemplo o Royal Bank of Scotland (RBS), uma das instituições mais afetadas pela crise, na qual o Estado tem hoje 83% de participação.

“A Grã Bretanha tinha o maior plano de resgate no RBS”, declarou Osborne. “O RBS adquiriu outro banco, o ABN Amro, pouco antes do início da crise”.

O ABN Amro foi adquirido em 2007 por RBS, pelo espanhol Santander e pelo belga-holandês Fortis, que pouco depois, com a crise financeira, também teve de ser salvo da bancarrota.

“Quando tudo estava acontecendo, não havia ninguém olhando o panorama global sobre se isso era uma boa ideia”, completou.

O ministro afirmou que a crise, que colocou o Reino Unido em sua pior recessão em mais de meio século, deixou em evidência que o BCE deveria centralizar os poderes para supervisionar tanto as próprias instituições como a economia em geral.

Em seu discurso anual em Mansion House, em pleno centro da City, Osborne disse que suas propostas representavam “um novo sistema de regulação que aprende com as lições da pior crise bancária de nossas vidas”.

Representa “um acordo mais justo, no qual os bancos apoiam as pessoas, no lugar de as pessoas terem de resgatar os bancos”, completou o ministro, que espera que a transição ao novo sistema esteja finalizada em 2012.

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