Maior marca esportiva do mundo, a americana Nike teve sua operação no Brasil comprada pelo grupo SBF, companhia de capital aberto controladora da rede de artigos esportivos Centauro. A aquisição, anunciada na quinta-feira 6, custou R$ 900 milhões, envolvendo capital de giro (estoque), controle das lojas físicas da Nike, distribuição, política comercial e de vendas, além do comércio pela internet. Em pelo menos 100 países, a operação da grife americana já é feita por empresas locais. No caso do e-commerce, é a primeira vez que um processo desse tipo envolve a venda de produtos por meio eletrônico. Pelo contrato, a operação local tem validade inicial de dez anos. Dentro desse período, a nova dona terá, por cinco anos, o direito de ampliar o número de lojas da Nike no Brasil, que hoje são 24. Os acordos podem ser renovados e, em tese, a empresa americana pode recomprar a operação. O desejo da Centauro, no entanto, é estender o negócio. Parte do valor da compra virá por meio do financiamento com Santander, Itaú e Bradesco. Outra parte será de recursos próprios da SBF.

+ B2W e Centauro fecham parceria para comércio eletrônico de artigos esportivos

Contratos de marketing da Nike, como os celebrados com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), os jogadores da seleção brasileira Neymar (Paris Saint-Germain), Casemiro (Real Madrid), entre outros, não estão incluídos na transação, já que as operações foram feitas pela global Nike, Inc. Já a parceria com o Corinthians passa para as mãos do grupo SBF, presidida por Pedro Zemel. A empresa americana não revela os valores dos acordos comerciais com clubes e atletas.

Dono da bola: O CEO da Centauro, Pedro Zemel (acima) tem mais de 200 lojas no Brasil. Os contratos da Nike com jogadores, como Neymar (à esq.), não entraram no negócio fechado entre as companhias. (Crédito:Ana Paula Paiva)

No terceiro trimestre do ano passado, receita líquida do grupo SBF foi de R$ 621 milhões (alta de 9,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior). No acumulado dos primeiros nove meses de 2019, a receita atingiu R$ 1,7 bilhão. O número é próximo do faturamento da Nike do Brasil, que foi de R$ 2 bilhões no exercício encerrado em 31 de maio de 2019. A empresa americana fechou o ano como a marca esportiva mais valiosa do mundo, com valor de mercado de US$ 32,4 bilhões, um aumento de 16% de seu valor em relação ao ano anterior.

Com cerca de 6 mil colaboradores, o grupo SBF é responsável pela gestão das 209 lojas da Centauro em 20 estados brasileiros. Segundo a empresa, Centauro e Nike serão geridas como unidades de negócios separadas, o que significa que a loja esportiva continuará a comprar os produtos da Nike, só que agora de sua própria controladora. Atual presidente da Nike do Brasil, o mexicano Alfonso Bueno deve permanecer na função até o fim do processo de transição, que deve terminar em meados deste ano. O novo nome para o cargo ainda não está definido e a aquisição precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).