Com seus 17 anos, a Tesla não tem idade para tirar habilitação em boa parte do mundo. Mas a marca de carros elétricos criada por Elon Musk se tornou em julho a mais valiosa montadora do planeta. Na quinta-feira (10), atingiu US$ 364 bilhões valor de mercado. Isso é 7,5 vezes maior que a centenária General Motors, fundada em 1908. Para reverter esse cenário e ocupar espaço no mercado dos veículos elétricos, a companhia, que tem a americana Mary Barra como CEO, firmou uma parceria estratégica com a montadora especializada Nikola Motor Company, comandada pelo também americano Mark Russell. Por US$ 2 bilhões, a GM garantiu 11% da participação acionária da montadora do Arizona.

Mary Barra disse que a compra reforça a presença da GM no segmento ao mesmo tempo em que ganha escala para reduzir os custos de produção da bateria e da célula de combustível. “E assim aumentar a lucratividade”, afirmou. A empresa vai nomear um diretor para o conselho da Nikola e passará a projetar, validar, homologar e construir a picape Badger, aposta como principal rival da Tesla Cybertruck. O modelo promete autonomia de até 1 mil quilômetros com o tanque de hidrogênio cheio, e metade disso na versão elétrica. O preço inicial previsto para o mercado americano é de US$ 60 mil (versão elétrica a bateria) ou US$ 80 mil (modelo elétrico com célula de combustível a hidrogênio). A Badger terá sua estreia pública em dezembro, no Nikola World 2020, e já pode ser reservada através do site da montadora. Na vida real, porém, só dará as caras no fim de 2022.

O anúncio da parceria marca um novo e decisivo passo de posicionamento da GM, que enfrenta dificuldades para alavancar as vendas dos seus modelos elétricos. Segundo o levantamento do site EV Sales, nenhum veículo da montadora aparece entre os dez mais vendidos de 2020, até agora. O Top 3 do ranking tem Tesla Model 3 (85.523 unidades vendidas), Renault Zoe (22.811) e o Nissan Leaf (18.364). A aposta da General Motors na Nikola é marcada pelo desempenho da principal concorrente da
Tesla no mercado.

MARY BARRA, CEO da Gm Executiva tem o desafio de turbinar a montadora no segmento elétrico, onde não aparece sequer no ranking dos top 10 mais vendidos do mundo. (Crédito:Divulgação)

Mesmo sem ter fabricado ou vendido qualquer modelo, a novata na produção de veículos elétricos possui um valor de mercado de US$ 16 bilhões e atrai investidores com a aposta na maior autonomia do hidrogênio. A ideia foi considerada uma “besteira” pelo bilionário Elon Musk, CEO da Tesla. “Cai bem em foguetes, não em carros”, já chegou a afirmar. Musk é também CEO da SpaceX.

Mas não será apenas no sistema de abastecimento que a GM busca inovação. Sem medir esforços para ganhar destaque no mundo dos veículos elétricos, anunciou também que será a primeira montadora a usar um sistema de gerenciamento de bateria “praticamente sem fios” (wBMS, em inglês), em seus futuros modelos elétricos. Segundo a companhia, o wBMS permite reduzir a fiação em até 90%, resultando em veículos mais leves e com mais espaço para mais células, aumentando a capacidade de operação.

SEM RETORNO Elétrico ou a hidrogênio, o segmento pegou um caminho sem volta. Na terça-feira (8) a Uber disse que 100% de suas corridas nos Estados Unidos e na Europa até 2030 serão em veículos do segmento. As comercializações, no entanto, ainda patinam. No primeiro trimestre deste ano, as vendas da categoria somaram 571 mil veículos no mundo, queda de 12% em relação a 2019. O tombo foi ainda maior em abril, pior mês da história para as vendas da categoria, com redução de 30% em comparação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, a retração foi muito menor do que no mercado de automóveis como um todo – somente em abril, a queda chegou a 45%. É nessa estrada que a GM resolveu acelerar.