O assédio já começou. E será intenso nos próximos sete meses. A Globo.com, portal de Internet das Organizações presididas por Roberto Marinho, está numa ação silenciosa para tentar subir ainda este ano ao pódio da Internet e ? finalmente ? reproduzir o sucesso que consagrou a empresa na televisão. O método é o mesmo dos demais pesos pesados ao redor do mundo, as aquisições. E a equipe global já saiu às ruas para fazer suas propostas. Na mira, os 20 campeões de visitas. Alguns consideraram como ?satisfatórias? e ?boas? as propostas feitas pela Globo. A seu favor, a companhia carioca tem a recessão do mercado de Internet, que colocou o preço de vários sites em liquidação. ?Estamos num bom momento para comprar?, diz o presidente da Globo.com Juarez Queiroz, que substituiu o consultor Luís Carlos Boucinhas no dia 12 de fevereiro. ?Vamos estar no segundo lugar do ranking no final do ano.? Desde que assumiu a cadeira, Queiroz mantém os olhos fixos na lista dos 20 sites mais visitados como quem olha uma prateleira de supermercado. O objetivo é deixar para trás o fracasso da aventura digital que consumiu cerca de US$ 100 milhões e rendeu ao maior grupo de comunicações da América Latina uma triste posição no ranking de audiência da rede, que oscila entre o 8º e o 11º lugar.

Na quinta-feira, 17, executivos do portal brincaram em frente do computador com um programa do Ibope eRatings, instituto que mede a audiência na Internet. No jogo tecnológico, é possível simular como algumas aquisições podem melhorar a posição da Globo.com entre os grandes da rede. A estratégia de chegar ao topo também inclui novos produtos e um projeto com a Caixa Econômica Federal de financiar até 1 milhão de micros no mês que vem. Todos estarão conectados ao portal da Globo. ?Mas como eles pretendem conseguir tudo muito rapidamente, a única via é a aquisição?, afirma Angela Marsiaj, diretora-geral do instituto Jupiter MediaMetrix, que também mede audiência. Segundo ela, os alvos mais prováveis seriam o portal latino Starmedia, o brasileiro HPG, que hospeda sites gratuitamente; e até o IG, de Nizan Guanaes, que tem acordos com a TV Bandeirantes. A Starmedia apenas informa que ?grupos de comunicação? estariam se aprontando para investir na rede brasileira. O HPG não foi procurado, mas nem esconde que adoraria a conversa. O IG nega qualquer contato.

Aos 41 anos, Queiroz, catarinense de Itajaí, é a principal aposta da Globo para levantar seu portal. Lançado tardiamente em março de 2000, a Globo.com recebeu um aporte de US$ 100 milhões da Telecom Italia. Mas o dinheiro e os atores globais que participaram da propaganda de lançamento não conseguiram fazer com que o portal caísse na graça do público. Entre as características que levaram a Globo a escolher Queiroz (ex-Souza Cruz e ex-Telemar) está justamente na sua capacidade de pilotar projetos. Mal assumiu seu posto, ele cortou 115 pessoas, sendo 55 delas da área de conteúdo. O executivo tem se esforçado para atrair as agências e os anunciantes, concentrados nos portais campeões de audiência. Até então, basicamente, os que compram espaços no Planeta Xuxa ou no Jornal Nacional ganham bonificações, um espaço nos respectivos canais virtuais. A equipe que buscava outros anunciantes para a Internet nunca foi muito atuante. Mas, de agora em diante, ela irá trabalhar em conjunto com a Sucom, que cuida dos comerciais da TV Globo. O interesse declarado é carregar para a rede um pouco da verba da televisão de maior penetração no Brasil (no ano passado, a emissora abocanhou R$ 3 bilhões dos anunciantes, enquanto todo o mercado de Internet não levou mais de R$ 180 milhões). Nas projeções de Queiroz, o dinheiro que entrará no caixa equilibrará as contas em três anos. O UOL espera chegar a essa meta nos próximos meses. As diferenças também aparecem no valor de mercado dos dois portais. Enquanto o empreendimento dos Marinho, 10º colocado na lista do Ibope, foi orçado em US$ 2,7 bilhões pela Telecom Italia, o UOL, líder absoluto que foi visitado por 16,5 milhões de pessoas diferentes em março, foi avaliado em US$ 2 bilhões. Cabe a Queiroz fazer justiça a esses números. ?Começaremos 300 vezes se for preciso?, diz o executivo da Globo.com.