No início da pandemia, o Brasil viu crescer um movimento que por aqui era tímido: o das doações. Empresas, ONGs, Organizações da Sociedade Civil e pessoas comuns de todas as classes sociais se uniram em uma corrente orgânica para abastecer quem precisasse com alimentos, materiais de higiene, roupas e remédios. Doações em dinheiro também explodiram. Em março de 2020, mês que marcou o início do isolamento social no País, o montante médio diário registrado foi de R$ 108 milhões, segundo o Monitor das Doações COVID-19. Com o fim da crise sanitária, a pergunta a ser respondida era se esse hábito se manteria. Pois bem, a resposta é sim.

Dados do mesmo Monitor das Doações apontam que mais de R$ 1 bilhão foram doados de janeiro a outubro deste ano. O volume de recursos foi tão expressivo que fez o Brasil alcançar a 18ª posição dentre os países mais solidários do mundo. No ano passado, ocupava a 54ª colocação. A informação está registrada no Índice Mundial de Doações 2022 publicado pela britânica Charities Aid Foundation (CAF) e representada no Brasil pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS). O montante, segundo o Monitor, veio de 331 fontes diferentes das quais 207 eram doadores individuais, 93 empresas e 23 instituições sem fins lucrativos, dentre outros.

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Na lista das pessoas que mais doaram estão Lia Maria Aguiar, herdeira do fundador do Bradesco (R$ 40 milhões); Bernardo Paz, empresário siderúrgico (R$ 25 milhões); a Família Ribeiro, com atuação na área da saúde (R$ 10 milhões); Elie e Susy Horn, fundadores da Cyrela (R$ 1,4 milhão); Gisele Bündchen (R$ 1,1 milhão); Wesley Safadão (R$ 760 mil); Família Frankel, fundadores da construtora Vitacon (R$ 720 mil); e Anitta (R$ 500 mil).

Dentre as empresas públicas, os mais solidários são o BNDES, com R$ 412 milhões, e a Petrobras, com R$ 280 milhões. Já na lista das corporações privadas estão a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (R$ 70 milhões); a Cargill (R$ 56 milhões); a Gerdau (R$ 40 milhões); a Cacau Show (R$ 20 milhões); e o Grupo Heineken (R$ 15 milhões). E ainda há o grupo das organizações sem fins lucrativos com destaque para o Movimento Bem Maior que doou R$ 9 milhões, seguido pelo Hospital Albert Einstein (R$ 7 milhões).

Ainda que haja uma discussão sobre a eficácia da filantropia como impulsionador da transformação social, é preciso considerar que existem ocasiões que a ação é necessária. Exemplo? Quando um país tem 33 milhões de cidadãos passando fome, 35 milhões sem água tratada e cerca de 100 milhões sem acesso à coleta de esgoto. Esse país é o Brasil.