O governo de Gibraltar anunciou nesta segunda-feira (13) que vai retirar sua bandeira do “Aquarius” depois de ter pedido que o navio suspenda suas atividades de resgate, pelas quais não está registrado no território britânico.

Registrado em 2009 em Gibraltar como navio oceanográfico, o “Aquarius” operava desde 2016, depois de ter sido fretado pelas ONGs SOS Méditerranée e Médicos sem Fronteiras, “exclusivamente sob a direção das autoridades italianas nas operações de resgate”, explica o governo em um comunicado.

Mas “em junho e julho de 2018, a GMA (Administração Marítima de Gibraltar) demandou ao ‘Aquarius’ que suspendesse suas operações como embarcação dedicada ao resgate e revertesse seu estado de registro original como ‘navio oceanográfico'”, prossegue o texto.

Após o anúncio de Gibraltar, a SOS Méditerranée denunciou “uma diferença artificial” que não tem “nenhum fundamento técnico”, segundo um comunicado enviado à AFP.

“O ‘Aquarius’ sempre foi considerado apto para efetuar operações de resgate pelas autoridades competentes”, informa a ONG.

“A autoridade marítima de Gibraltar registrou ela mesma o ‘Aquarius’ como navio de resgate na Organização Marítima Internacional”, insiste.

O governo de Gibraltar justifica sua demanda pela falta de “disponibilidade de portos de desembarque para diversos navios de resgate na área de resgate da Itália”.

O ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, líder da ultradireitista Liga, rechaçou em várias ocasiões o acesso aos portos italianos de embarcações de ONGs.

Gibraltar enviou em 6 de agosto às associações que fretam o “Aquarius” um “aviso de exclusão”, tendo como data limite 20 de agosto.

Nesse dia, “o navio deixará de constar no Registro de Gibraltar e reverteria a bandeira do Estado de seu proprietário subjacente, a Alemanha”, continua.

O “Aquarius” resgatou na sexta-feira 141 pessoas que viajavam a bordo em duas barcas de madeira, a metade das quais eram menores e mais de um terço, mulheres.

Na segunda-feira, o navio humanitário estava entre Malta e a ilha de Lampedusa, na Itália, informou a presidente da SOS Méditerranée, Sophie Beau.

Em junho, o “Aquarius” resgatou 630 migrantes perto da costa da Líbia. Itália e Malta se negaram a deixá-lo atracar em seus portos e sua odisseia acabou no porto espanhol de Valencia.