Gibraltar acusou, nesta sexta-feira (3), a Espanha de cometer uma “grave violação da soberania britânica” por um incidente, com disparos de arma de fogo, que envolveu agentes aduaneiros espanhóis atacados por contrabandistas.

“As provas que rodeiam este incidente revelam uma grave violação da soberania britânica e, potencialmente, o incidente mais grave e perigoso em muitos anos”, declarou em um comunicado o chefe de governo de Gibraltar, Fabián Picardo, após os eventos ocorridos na madrugada de quinta-feira em uma praia do enclave britânico.

Dois agentes aduaneiros espanhóis entraram na Praia do Levante perseguindo contrabandistas, que começaram a lançar grandes pedras contra eles, o que os levou a usar suas armas, segundo uma fonte da administração fiscal espanhola que pediu anonimato.

A mesma fonte indicou que os dois agentes ficaram feridos, sem especificar a gravidade.

“Se for confirmado que os agentes espanhóis dispararam suas armas em Gibraltar, tal ação seria uma grave violação da lei, além de imprudente e perigoso, especialmente em uma zona de densa população civil, dada a proximidade de uma área residencial”, acrescenta o comunicado gibraltarino.

“Os governos de Gibraltar e do Reino Unido consideram que a natureza dos fatos de ontem exigirá um exame cuidadoso em termos da consideração da natureza e do nível da resposta diplomática”, segue o texto.

O governo espanhol condenou o incidente e prometeu investigações. “Temos todos que lamentar que” esses profissionais “que arriscam suas vidas no desempenho de suas tarefas tenham sido alvo de graves agressões”, disse à imprensa a ministra da Fazenda, Maria Jesús Montero.

A Espanha cedeu Gibraltar à coroa britânica em 1713 como parte do Tratado de Utrecht, mas desde então reivindica sua soberania, levando a atritos regulares na fronteira e tensões diplomáticas entre Madri e Londres.