A gestora de fundo de investimentos Elliot Advisors, que atualmente detém uma participação total de 2,9% na EDP – Energias de Portugal, divulgou nesta quinta-feira uma carta na qual critica a oferta apresentada no ano passado pela China Three Gorges (CTG) para adquirir o controle da companhia portuguesa e defende que “existe um caminho alternativo e mais promissor” para o grupo, incluindo a venda da EDP Brasil.

Em carta endereçada aos membros do conselho da EDP, a Elliot diz que a EDP “tem de otimizar seu portfólio para reduzir a dívida excessiva e voltar a focar-se nas suas principais áreas de negócio” e dentro desta proposta destaca a venda da participação do grupo na EDP Brasil. “Atualmente, a EDP Brasil fica atrás da concorrência em termos de investimento e ocupa o sétimo lugar na produção privada de energia e o nono lugar na distribuição. Dado o potencial de crescimento do mercado brasileiro, a Elliott acredita que a EDP Brasil é um negócio atraente, que beneficiaria de um novo proprietário empenhado e disposto a realizar os investimentos necessários”, afirma.

Atualmente o Grupo EDP possui 51% da EDP Brasil, que fechou o pregão da quarta-feira, 13, com um valor de mercado de cerca de R$ 11 bilhões. “A participação da EDP na EDP Brasil poderia ser vendida com um prêmio significativo em relação ao valor atual de negociação, em linha com as recentes transações de utilities no Brasil, tendo em conta que existe procura considerável por este tipo de plataformas”, avaliou.

Por outro lado, a gestora avaliou que a participação na EDP Brasil expõe a EDP à volatilidade do real brasileiro, e a um custo médio ponderado de capital mais elevado, que se reflete no múltiplo de negociação mais baixo da Empresa. Segundo o Elliot, o custo médio da dívida da EDP Brasil, de cerca de 11,1%, pesa no grupo, que mantém um custo médio da dívida de 4,1%. “A libertação do valor retido na EDP Brasil permitiria à EDP cristalizar mais-valias significativas, dispondo de mais capital para utilizar em oportunidades de investimento atrativas noutros locais”, acrescentou.

Além da EDP Brasil, a Elliot também sugere a venda de 49% da participação da EDP na Distribuição Elétrica Ibérica e de s ativos térmicos Ibéricos antigos. “A injeção de capital gerada pelo desinvestimento prudente proporcionaria não apenas uma oportunidade para fortalecer os investimentos nas principais áreas de negócio como também possibilitaria a consideração de outros meios de maximização de valor na distribuição de capital”.

Os desinvestimentos e a otimização do portfólio, são, na avaliação da gestora, uma alternativa para o grupo EDP à oferta da CTG, que “tal como se encontra atualmente, não favorece os melhores interesses dos stakeholders da EDP”, diz a carta, acrescentando que a existência da referida oferta está a afetar o desempenho da EDP.

Para a Elliot, o preço da oferta atual da CTG é excessivamente baixo e subavalia a EDP e caso não exista um aumento da contrapartida da oferta, não se antevê qualquer possibilidade dos acionistas virem a apoiar uma operação. “Na visão da Elliott, caso a oferta da CTG se venha a concretizar, conduzirá a um enfraquecimento da EDP, tornando-a uma empresa mais volátil, com um conjunto de ativos menos atrativo e com poucas oportunidades de crescimento.”

Procurada, a EDP informou que não comentaria o assunto.