O Brasil, já dizia o maestro Tom Jobim, não é para principiantes. E a executiva Flavia Bittencourt, CEO da rede varejista de cosméticos Sephora na América Latina, está mostrando isso para as filiais da marca no mundo. “O Brasil é um país tão difícil que somos obrigados a pensar fora da caixa, quebrar paradigmas o tempo todo”, diz Bittencourt. Ela se refere a duas decisões adotadas pela filial brasileira que estão sendo exportadas. A primeira foi a criação de quiosques em shoppings, algo que era impensável para a rede do todo-poderoso grupo LVMH, dono de uma receita líquida de 43,6 bilhões de euros no ano passado. Em 2016, ela convenceu o CEO mundial da Sephora, Christopher de Lapuente, a fazer o experimento e, desde então, não parou de abrir novas unidades. Hoje, além das 23 lojas, são 12 quiosques, com previsão de abrir mais cinco até o fim do ano. “Eles servem para democratizar ainda mais a venda e testar pontos onde podemos abrir novas lojas.” Depois disso, filiais como as dos Estados Unidos, do México e de alguns países da Europa passaram a estudar a implementação desse modelo em seus respectivos mercados. A outra decisão que está fazendo barulho no grupo foi ter trazido para dentro das lojas Sephora os produtos da MAC, do grupo Estée Lauder, que era vista como concorrente da rede francesa. Afinal, a MAC também tem loja no País. “No Brasil, esse segmento de prestígio equivale a 6% do mercado. Em outros países, representa 30%”, diz Bittencourt. A ideia foi mostrar que era melhor unir forças. Algo que era inédito no grupo agora está sendo avaliado no México e também no Canadá.

(Nota publicada na Edição 1063 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Cláudio Gradilone, Luana Meneghetti e Márcio Kroehn)