Por que empresas se furtam à gestão humanizada e ao fortalecimento do propósito para além dos negócios? Porque elas não colocam as pessoas no centro, a partir de vínculos de respeito, cuidado e valorização.

Pesquisa da USP no projeto Empresas Humanizadas no Brasil, realizada há pouco mais de dois anos e que ouviu milhares de empresas, colaboradores e consumidores, atesta que este modelo de gestão reconhece mais os anseios dos trabalhadores e impulsiona-os a serem apaixonados pelo que fazem e pelas companhias.

O levantamento ratifica que a gestão humanizada traz vantagens competitivas como maior atração e retenção de talentos, melhora do clima e dos níveis de produtividade, relações mais estreitas com parceiros e maior satisfação dos clientes finais, além de rentabilidade que pode chegar ao dobro do convencional.

Em tempos de pandemia, exemplos de gestão humanizada revelam culturas organizacionais inspiradoras e lideranças selecionadas e/ou desenvolvidas para transmitir confiança frente ao grau de responsabilidade, maturidade, protagonismo e performance dos colaboradores.

Na gestão humanizada, lideranças procuram ser influentes no maior equilíbrio entre vida pessoal e carreira. Quando engajados em responsabilidade social, elas despertam todos ao redor para pautas transformadoras do mundo.

Essas lideranças instigam a igualdade: tratar a todos da mesma forma. Bem como a equidade: olhar para as diferenças levando em consideração o que cada pessoa precisa para gerar oportunidades.

Lideranças com posturas mais humildes, próximas dos colaboradores, abertas ao diálogo, à escuta ativa, ao aprendizado, à comunicação não-violenta, à crítica construtiva (inclusive ante protocolos e regras), ao compartilhamento de experiências e até às tomadas de decisão conquistam credibilidade pela capacidade profissional e pelo bom caráter. Elas aceitam movimentos para mudar o jeito de fazer, desde que para melhor! É isso o que importa ante quaisquer hierarquia ou vaidade.

Tal contexto coloca em xeque as gestões baseadas em comando e controle, bem como os colaboradores que se submetem à aceitação, sem discernimento, bom senso, autonomia, organização e capacidade de propor soluções.

Os profissionais mais requisitados atualmente têm mais acesso à informação e devem estar aptos à adaptação, resiliência, flexibilidade, apoio à diversidade e maior exposição aos riscos. É daí que surge a inovação, cresce a inclusão e as pessoas engajadas no propósito da companhia.

Por mais que as demandas sejam complexas, imprevisíveis e requeiram agilidade, com ações e reações quase sempre em tempo real, a preocupação genuína com o outro, a cooperação e a soma de expertises devem ser disseminadas.

Quando tudo está mais acelerado, por conta da tecnologia, e o modelo de trabalho híbrido (parte nos escritórios e parte em casa) é oficializado, a empatia, a comunicação eficiente, a integração das equipes e o suporte físico, mental e social são fundamentais.

A gestão humanizada depende mais de iniciativas de sensibilidade do que de budget. Pesquise o que os colaboradores esperam da companhia, promova rodas de conversas sobre impactos da pandemia, adote mais campanhas de comunicação e endomarketing, amplie orientações e práticas de bem-estar, forme grupos de apoio ao empoderamento feminino e diversidade, revise os benefícios. Faça o que estiver ao seu alcance para um legado além dos limites institucionais.